"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
19.8.06
Sobre uma certa ideia do papel dos partidos comunistas
Uma ideia feita que muito circula por aí, é aquela que nos diz que os partidos comunistas, apesar dos seus modelos de sociedade terem baqueado inapelavelmente, foram os principais responsáveis pela melhoria das condições de trabalho das pessoas e por uma melhor reivindicação dos seus direitos. Esta tese é falsa. E é muitas vezes utilizada para enganar incautos e desprevenidos. A maioria das conquistas dos trabalhadores (como o direito de associação ou de união, o direito à greve, a liberdade sindical, etc) aconteceu entre 1850 e 1914 e teve lugar no seio das sociedades ditas liberais e industrializadas. O mesmo se sucedeu com a Segurança Social (a saúde, a reforma, as férias pagas ou os subsídios de desemprego) que surgiu, em termos práticos entre as duas guerras, e depois de 1945, em países onde o Partido Comunista era inexistente ou sem expressão como a Suécia, a Inglaterra (que supostamente seria o primeiro país socialista do Mundo), a Alemanha ou a Holanda ou em países em que a sua presença era muito forte mas nunca maioritária como a França ou a Itália. Como se vê, esta ideia não tem nenhuma força que a sustente. No entanto, a suprema ironia de tudo isto é verificar que a maioria destas introduções surgiram pela mão daquilo que hoje em dia se chamaria de governo conservador.