30.8.06

Um excesso

Notícia espantosa saída nos jornais diz-nos que os velocímetros e os balões da polícia podem pecar por excesso. Por excesso digo bem porque ao que consta os dois instrumentos são conhecidos por extrapolarem os valores que apresentam. Estamos habituados a que as notícias sobre a polícia incidam na escassez: na escassez de homens, de meios, de recursos. Confesso que, perante o cenário anterior, estamos perante uma evidente originalidade. Mas o problema (instrumentos defeituosos), se existia, foi prontamente consertado com um método muito português: já que a coisa não funciona integralmente, nada como recalcular os valores e pode ser que ninguém dê por nada. Não sei de onde vêm estas brilhantes ideias, mas só podem vir do desespero porque ninguém notou que este é um problema que não se resolve alimentando-o e, muito menos, escondendo-o. O problema dos medidores de velocidade e dos balões mantém-se porque estes objectos não são substituídos. São remendados. E das duas uma: ou os instrumentos funcionam e as pessoas têm confiança plena nas instituições que fiscalizam acatando as suas decisões, ou então não vale a pena pregar no deserto e há que pôr cobro a este evidente abuso.

PS: Há tempos, houve um delírio colectivo que estabeleceu tolerância zero em algumas estradas portuguesas como método de combater a lusitana sinistralidade rodoviária. Lembro-me, como se fosse hoje, de um incrédulo a mostrar na televisão a multa que lhe passaram por circular a 51 Km/h numa zona em que não era permitido ir a mais de 50. Eu se fosse a ele, telefonava para a polícia e perguntava muito claramente se os 51 eram com desconto ou sem desconto.