1.9.06

Sabão e toalhinha

Um novo plano nacional contra a droga desenha-se no horizonte. Depois do evidente falhanço do anterior que assentava, recorde-se, na descriminalização do consumo das drogas ditas leves (uma ideia peregrina) e na introdução da metadona (um curioso substituto) eis que uma nova originalidade toma forma e ganha dimensão: as denominadas salas de injecção assistida. Confesso que já estou por tudo. E muito pouco, na realidade, deve espantar. Enquanto vejo o modesto fumador deste país a ser escorraçado e socialmente descriminado por bagatelas, o senhor toxicodependente continua nas boas graças das gentes, perfeitamente inimputável e com tratamento de excepção. A este nada falta: nem condições, nem profissionais de variada ordem, nem apoios directos do Estado. E agora até vai ter uma salinha correctamente preparada onde possa alimentar, também correctamente, o vício. Ironia do destino, já imagino as cadeias portuguesas com a proibição de fumar (a nova cruzada higiénica e fascista) mas com um quartinho especial ali mesmo ao fundo para matar o vício. Como dizia um amigo meu, não se esqueçam do sabão e da toalhinha. E de limpar tudo muito bem depois de usar.