14.9.06

Save the Waves.

É com certeza um filme incómodo para a Madeira e (I)nconveniente. Vem mesmo a propósito, “Uma Verdade Inconveninte”, é outro alerta sobre como vai o mundo que estreia esta quinta-feira em Portugal.

O interessante é que “Lost Jewel of the Atlantic" e Uma verdade Inconveniente” são realizados segundo a mesma matriz. De uma forma “despretensiosa”, diria lúdica, os dois documentários questionam a intervenção do homem no meio ambiente.

É óbvio que as escalas são incomparáveis. Enquanto “Lost Jewel of the Atlantic” ocupa-se da micro- “aldeia” do Jardim do Mar, o objecto da análise de “Uma verdade Inconveniente” é o planeta.

No resto, os objectivos até são os mesmos. Partilham uma idêntica matriz cinematográfica, neste caso, o documentário. Um género, que curiosamente, volta a estar na moda. Há muitos anos, para não exagerar (50), que não estreavam tantos documentários. Além da dose exagerada, que foi o 11 de Setembro, os que foram, entretanto realizados, foram remetidos para os festivais da especialidade.


Mas de volta a “Lost Jewel of the Atlantic” para acrescentar que um documentário, e este não foge à regra, é sempre o ponto de vista do realizador.

É óbvio que qualquer documentário parte de uma base sólida de factos. Caso contrário, seria insustentável produzi-lo. É no entanto, necessário não esquecer que há um objectivo por detrás. Julgo que a intenção, neste caso concreto do realizador é questionar, provocar o cidadão para as obras que foram realizadas no Jardim do Mar.

Seriam necessárias para a protecção da costa como justifica o governo? Quem faz, (as obras) apresenta argumentos “saudáveis” para justificar a acção. Quem crítica, coloca a nu algumas das fragilidades dessa acção. É neste binómio, bem-mal, que o mundo gira. É a partir deste confronto de ideias que é solicitado, a cada um que faça o seu próprio juízo de valor, sobre o que vai ver.

3 comentários:

Anónimo disse...

O binómio desenvolvimento/preservação do meio ambiente é algo que atravessa as nossas vidas, sempre susceptível de ser criticada, comentada, obviamente de acordo com as expectativas e interesses de quem comenta. As intervenções sob o meio ambiente na região têm-se feito em absoluto desrespeito pelos intrumentos de gestão territorial aprovados. Seja o POTRAM, sejam nos perímetros urbanos os PDM´s, seja pela ausência de planos de pormenor e/ou de urbanização. Não quero dizer que os instrumentos de gestão territorial são documentos não susceptíveis de crítica, bem pelo contrário, num determinado momento podem fazer sentido, mas fruto das dinâmicas da sociedade actual devem e carecem de ser alterados. A questão está em saber se os executivos municipais têm ou não capacidade para promover tais alterações. Garanto-vos que na maioria dos casos não têm, logo havendo a tendência mais ou menos generalizada para entrar no campo da discricionaridade. E o desenvolvimento da RAM foi feito, com melhores e piores exemplos, nesta base. O todo nacional não está melhor. Mas, como com as desgraças dos outros podemos nós bem, convém reter-nos na nossa terra agora que o volume de fundos vai caír, logo a tendência para a asneira pública cai na mesma proporção, e pensarmos o que é possível ainda fazer para com recursos escassos projectar uma imagem diferente de uma região que apesar de pobre na generalidade do seu território tem alguns segmentos por explorar. Acho por isso que estes dois documentários - um dos quais já vi - servem de alerta para um olhar mais lúcido sobre o que queremos para o futuro.

Cherbakov

Anónimo disse...

No entanto os pseudo-jornalistas tentam todo o custo silenciar estas asneiras e dão grande eco às tontices do Jardim.

Anónimo disse...

De facto a obra de protecção marítima no Jardim do Mar é um caso infeliz. Concerteza que a segurança das populações deveria ser assegurada, no entanto existiriam outras alternativas, inclusivamente muito menos despendiosas. Por exemplo, a construção de novas habitações distantes da linha de costa. É necessário encontar pontos de equilibrio, sinergias. Conciliar o surf, importante para a economia e desenvolvimento local, com a comunidade. O tão proclamada Desenvolvimento Sustentável é isto mesmo. Ponderar os custos ambientais, económicos e sociais...

Que fique de exemplo.

Cláudio Torres