13.9.06

Um pacto

O Dr. Mendes, por certo ofuscado com a possibilidade das luzes da ribalta, entendeu fazer um acordo com o Eng. Sócrates para colocar a Justiça na ordem. Ou, pelo menos, para pô-la a funcionar o que, diga-se em abono da verdade, já não seria nada mau uma vez que esta tarefa se afigura como uma verdadeira tarefa de Sísifo. Muita gente aplaudiu a iniciativa. E aplaudiu o sentido de Estado do PSD que se mostrou um partido da oposição obediente e, acima de tudo, responsável. Claro que o Eng. Sócrates agradeceu a benesse e aproveitou a deixa. Do PSD não rezará a história durante os oito anos em que o Eng. Sócrates liderará um país sem adversário, interno ou externo, à altura. Com a casa em ordem (ou o PS se preferirem), restava ao primeiro-ministro mandar dizer quem manda e quem de facto decide no país. Com o Dr. Cavaco em Belém, o pacto era garantido e o Dr. Mendes, que deu o ar de um aluno muito sério que ouve com atenção os conselhos do mestre, lançou-se às migalhas. Obviamente ninguém avisou o Dr. Mendes que o presente vem envenenado e que as suas modéstias opiniões de pouco valerão. A Justiça não se vai reformar, porque pura e simplesmente é irreformável. Bastava ver as corporações que aplaudiram a iniciativa. No fim, tudo ficará na mesma porque a máxima se mantém inalterável: é preciso mudar alguma coisa para deixar tudo exactamente na mesma. O Dr. Mendes já cá não estará politicamente para ver o resultado da obra para a qual contribuiu. E o Eng. Sócrates sempre pode dizer que tentou.