A casa da minha prima Amélia tem uma linda vista sobre o Funchal. Com um poio pós-moderno onde mais de 100 pessoas se podem abicar para ver o fogo.
Todos os anos, no dia 31, a minha tia Celeste (mãe da minha prima Amélia), prepara broas de mel e salgadinhos para mais de 100 convidados. E compra bolos rei da padaria das redondezas. E arranja um polvinho de escabeche e uma carninha de vinho e alhos. Junta, depois, umas azeitonas nuns pratos azuis muito simpáticos e uns cubinhos de queijo da Ilma numas tijelas todas catitas.
Lá pelas 8 e meia, os convidados começam a chegar. O primeiro é sempre meu primo Adriano, com o Fiat Uno de 1995. Normalmente, traz a namorada, a mãe, o pai e uma tia dele de que nunca me lembro o nome.
A festa é pimpona. Toda a gente põe uns chapéus na cabeça, joga umas bombas pá casa do vizinho, toma uns copos de espumante português, bebe wiskhy escocês e cervejinha de cá. À meia noite vê-se o fogo, mete-se passas pela goela abaixo e beija-se e abraça-se que tiver mais próximo.
Depois, o meu primo António, mais conhecido como DJ G, toma conta da aparelhagem até de madrugada e é dançar até que alguém atire uma garrafa de gás!
E é assim todos os anos.
Curiosamente, há uns tempos o meu primo Adriano (o do Fiat Uno de 95), teve uma ideia parva:
"E se a gente pedisse à televisão p'a vir cá filmar a Festa? Tem uma vista linda pó fogo e somos mais de 100... E a gente aparecia-se no telejornal"
disse ele, enquanto bebericava o que restava de uma garrafa de espumante Real Fundação, que abrira três minutos e meio antes.
"Que estupidez",
gritámos 50 em coro.
"tás mas é bêbado. A televisão não ia fazer directos para ai's notícias a partir de uma festa numa casa privada. Isso era impossível. Isso era, realmente, impossível"
sentenciou o primo Juvenal, que tem a mania das frases dificeis.
E com razão. A televisão ia lá fazer uma coisa dessas? Que ideia, a do meu primo Adriano...
Mas "pó ano há mais"...