13.4.07

Há demasiado tempo que a classe política, aos olhos dos portugueses, anda desacreditada. É tida como medíocre, sonsa e incapaz. Outros nomes feios também são chamados como corruptos, ladrões ou outros epítetos de sonoridade e agressividade diferentes. Vivemos por isso num tempo estranho. Num tempo de contradições onde a esperança leva a que as pessoas indefinidamente confiem naquilo que ouvem sem sequer questionar. São as promessas que fazem com que as pessoas se levantem com dignidade todas as manhãs da sua existência. Ouvem falar no progresso, no crescimento económico, na competitividade, na qualificação profissional, no emprego para todos. Ouvem falar nos milagres que no mundo abundam. Ouvem falar em utopias várias às quais se agarram. Ouvem falar num primeiro mundo onde as pessoas são felizes, a saúde funciona, o ensino educa e não há engarrafamentos. No fundo, ninguém faz nada porque toda a gente se limita a esperar: a esperar pelo destino, ao som do fado, a ver a bola e encantado com o mundo prometido que o Dr. Cavaco um dia inaugurou. Não sabem ou não percebem que esse mundo nunca chegou. Nem vai chegar.