13.4.07

Ver o engenheiro por um canudo

O Eng. Sócrates foi à televisão fazer uma tentativa de balanço dos seus primeiros anos de governo. Claro está, que à falta de melhor e sem assuntos com grande interesse para a pátria lusitana, o assunto central acabou por se resumir ao processo kafkiano e obscuro da sua, ainda não percebi se hipotética ou não, licenciatura.

As explicações do primeiro-ministro valem o que valem, mas ao contrário de alguns aparentemente mais esclarecidos, não entendo esta matéria como um caso menor. E não o faço porque convém não esquecer que o primeiro-ministro é uma figura pública, eleita para nos governar. Como consequência, qualquer caso que abale a sua credibilidade deve ser cabalmente esclarecido, para o bem e para o mal.

Reconheço que as figuras públicas se encontram mais expostas a estas situações, mas quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Ora, esclarecimento foi coisa que não se viu na dita entrevista. Nem coisa, que no limite, tenha surgido no mais longínquo horizonte. O primeiro-ministro levou uns certificados, respondeu vagamente a algumas perguntas e mostrou-se muito indignado com as calúnias e campanhas que montam contra a sua pessoa. Mas não bastou. Pelo menos para mim não foi suficiente. Sócrates, no fundo, nadou ao seu melhor estilo. Ou ao seu pior estilo se preferirem: o estilo do acossado, da vítima encurralada, do “animal feroz”, agora que me relembro daquela patética entrevista ao Expresso.

É por isso importante que o assunto não seja esquecido. Até porque o exemplo dado pelo primeiro-ministro é um exemplo que não deve ser seguido e muito menos alimentado pelo comum dos mortais, sujeito às regras mais elementares do bom senso. Já imaginaram se este exemplo não é caso único? Quantos não andam por aí a se vangloriarem de habilitações que não têm? Quantos não andam por aí com cursos comprados ou obtidos administrativamente? Já pensaram como isto é um péssimo exemplo para os jovens deste país?