23.12.07

Ideias idiotas (passe a tautologia)

Parece que para Luís Filipe Menezes a solução para todos os problemas de Portugal passaria pela privatização de sectores como o ambiente, as comunicações, os transportes, os portos, passando a prestação do Estado Social ser contratualizada com os privados, acabando com o monopólio na saúde, educação e segurança social (Menezes dixit).
Até nem me parceria mal, se não soubéssemos que entregar o ambiente a empresas privadas seria estar a promover a promiscuidade (ou colocar a raposa a guardar as galinhas) - veja-se a vergonha das empresas de certificação de qualidade, que certificam qualquer treta desde que as tranches financeiras sejam feitas a tempo -; se não tivéssemos a experiência de que os transportes não mais eficientes por estarem nas mãos de privados (não têm menos desperdícios), que não são mais eficazes (não prestam um melhor serviço) e que, definitivamente, não mais mais baratos para os consumidores (todos conhecemos as propostas absurdas de aumentos e os pactos que se estabelecem entre empresas). Estaria tudo bem se não tivéssemos conhecimento de doentes postos à porta das clínicas por terem expirado os títulos de seguros (a denúncia é feita pela Ordem dos Médicos) e que estas empresas fogem como o diabo da cruz quando se trata de pagar (não teremos já todos passado pelo martírio que as seguradoras nos submetem para obtermos aquilo que é nosso por direito?!); se não conhecêssemos a falta de qualidade gritante de muitos colégios privados e das empresas de formação (estas então passam certificados a metro, sem qualquer rigor ou exigência).
Portanto, a ideia não é má, se o tecido empresarial português fosse minimamente credível. Mas todas trapaças no BCP (entre outras, que ao nível de aldrabice o BCP não é caso único), demonstra bem a grau de confiança que poderemos ter nas empresas portuguesas. Assim sendo, caro Luís, e que tal se fosses pregar para outra freguesia e me desamparasses a loja?!

1 comentário:

amsf disse...

Teria o mérito da fazer os cidadãos que muitas vezes fazem parte desse mesmo Estado reconhecerem o papel do Estado e dos serviços que este presta. Alguns neoliberais e adeptos do mercado puro e duro teriam oportunidade de ver os seus sonhos realizados...a utopia ao materializar-se desiludiria muita gente tal como aconteceu com o comunismo...