23.4.08

Prudência

Parece que de repente se uniram todos para fazer a cama a Alberto João Jardim. Agora é Patinha Antão, que parece querer queimar o presidente do Governo Regional da Madeira.
Sinceramente e sem mais delongas: acho que Jardim faria boa oposição a Sócrates e, no limite de conseguir vencer as legislativas - coisa que duvido pelos motivos que evocarei a seguir - acho igualmente que tem capacidade para ser um bom primeiro-ministro.
Não acho, contudo, que conseguisse vencer as eleições no PSD e ainda que conseguisse, tenho a perfeita convicção de que os políticos portugueses, da Direita à Esquerda, Comunicação Social e os lóbis instalados não lhe permitiriam um único momento de tréguas.
Seria atacado pelo que fez e não fez, disse e não disse, tem ou não tem. Estou profundamente convencido que a estrutura político-partidária e a comunicação social manipulada (que é quase toda, digam lá o que quiserem) centralista e instalada jamais iria aceitar Jardim numa actividade política em Lisboa.
Seria completamente vedada a possibilidade de desenvolver um projecto político numa eventual aventura pela capital. E se não me sobram dúvidas que o líder do PSD/Madeira tem arcaboiço, capacidade de encaixe e até algum calculismo político para virar algumas das contrariedades contra os seus mais directos adversários, temo que os trabalhos fossem demasiados grandes. Seria uma tarefa hérculea virar todos até para Jardim que sairia, irremediavelmente, derrotado desta luta.
O problema não é, como alguns querem fazer querer, Bruxelas ou Estrasburgo. A União Europeia já por diversas vezes demonstrou que não tem pruridos em se vergar perante líderes fortes (veja-se o caso dos manos polacos). Aliás, tenho certeza que Jardim conseguiria negociar com Bruxelas bem melhor do que qualquer outro dirigente português (como sempre fez).
O problema é mesma a inteligentsia política lisboeta.
Para além de que os anos de luta contra o continente deixou as suas cicatrizes. Grande parte dos continentais que conheço, mesmo aqueles que lhe admiram a obra, de forma aberta ou secretamente votaria contra si, porque não lhe perdoam tantas vitórias.
Não, Portugal não gosta de líderes genuínos e/ou foliões. Isso é para italianos. Nós gostamos mesmo é de cinzentões, ainda que não tenham ponta da dita, como é o caso manifesto do nosso primeiro-ministro.
Portanto, apesar da eventual (legítima) tentação, reforçada pelos apelos da suposta tropa que se parece juntar, Jardim deve ter muito cuidado. As tropas podem estar (na minha opinião, estarão) minadas por muitas toupeiras. Serão Cavalos de Tróia atrás de Cavalos de Tróia. E temo que estes apelos mais não sejam do que uma campanha para tentar humilhar Alberto João Jardim, pelos anos consecutivos de humilhação que provocou aos seus adversários. Algumas das suas vitórias, nem os seus camaradas de partido perdoaram. Por isso, o bom senso aconselha prudência, muita prudência.
De resto, acho que Jardim tem calo para perceber isto tudo. Pelo menos, assim espero!!

3 comentários:

Su disse...

gostei de ler.
coerente----
assino em baixo.
obvio que tem calo.....afinal é uma raposa:)
esperas bem.

amsf disse...

Os manos polacos foram derrotados oito dias depois de tentarem extorquir à Europa concessões para assinarem o Tratado de Lisboa...Entre outras coisas; eram a favor da manutenção da pena de morte, contra o IVG, de uma maior ligação entre Estado e Igreja e tiveram a peregrina ideia de perseguir os militantes comunistas...

Anónimo disse...

Eu concordo plenamente. Aliás acrescento que Alberto João Jardim só não é um candidato indiscutível por culpa própria. Se não avança agora é pela maneira como durante todos estes anos tem tratado a República. Ganhou cá, mas perdeu credibilidade. Só tem que se queixar de sí próprio. Nunca concebeu uma vida política além-Madeira, concentrou todos os seus esforços nisso. Socorreu-se dos ataques do rectângulo, dos cubanos, dos senhores isto e aquilo, vezes demais. E agora é tarde. É com certeza o mais indicado, porque lá, as opções estão mais que gastas e usadas. Agora, à sua imagem, caso fosse candidato, falta-lhe discernimento e sentido de nacionalidade.