24.4.09

É pena

Sem o 25 de Abril, a autonomia seria pouco mais do que uma miragem. Mas mais uma vez, a AR não comemora a data.

Pode argumentar-se que as comemorações oficiais são meros actos simbólicos, preenchidos com discursos de circunstância que, em muitos casos, procuram recordar e nunca projectar. Mas esse argumento é absolutamente falacioso, uma vez que os próprios actos simbólicos são alicerces para a manutenção das estruturas sociais.

O segundo argumento normalmente evocado – o 25 de Abril foi uma tentativa de substituir uma ditadura por outra, tendo sido travado pelo 25 de Novembro – é verdadeiramente inaceitável. O 25 de Novembro foi apenas uma consequência da porta aberta pela “revolução dos cravos”. Foi o 25 de Abril que despoletou o processo que permitiu que Portugal seja uma democracia. Um sistema com virtudes e defeitos, como é óbvio, mas incomparavelmente melhor do que os anteriores.´

Qualquer indivíduo medianamente informado sabe que o PREC foi um tempo de excessos. Que dentro do Conselho da Revolução havia quem quisesse caminhar para outro lado (a minoria). Mas mesmos os desmandos e desvarios não apagam, nem sequer beliscam, a importância daquele dia de Abril, quando os cravos enfeitaram os canos das espingardas.

Não reconhecer a data é não reconhecer que Portugal (e por consequência a Madeira) é hoje um país melhor para viver, com melhor saúde, melhor educação, melhor sistema de protecção social e muito melhores infraestruturas em todas as áreas. Um país mais aberto ao mundo, que se conhece melhor e que vai conhecendo melhor os outros. Um país que já protesta quando acha que deve protestar, que já não se envergonha nem se acanha. Um país onde Deus já não manda nas questões terrenas. Um país onde, apesar da crise, das dificuldades, das provações, é possivel sonhar, celebrar, cantar, viver, amar.

É pena que a AR não o reconheça…

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostava de ter escrito isso...