Alguém soltava foguetes no fundo da rua. Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes que quebravam a rotina dos meus sete anos. Estávamos em 1982 e o Sporting era campeão e eu só descobri quando desci a rua à procura da origem da festa.
Pum, pum, pum, em cima de um muro alguém soltava foguetes, um, dois, três foguetes e eu pensei que aquele era um momento importante e que o facto de um tal Sporting ser campeão era muito importante!
Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e agora era o Joaquim Agostinho que subia o Alpe d’Huez como um foguete.
Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e o Carlos Lopes era uma flecha em 1984 e corria como o vento para a primeira medalha de ouro de Portugal, o hino tocou de madrugada e eu fiquei acordado para ver.
…, um foguete que não se ouve numa pista de 10.000 mil metros.
Pum, pum, um, dois foguetes de apelido Castro que eram Deus e o Diabo
Pum, um tiro de partida para Obikwelo
Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e o Acosta arrancava para a baliza do Baía, era uma fúria que se soltava.
Pum, pum, pum, um, dois três, quarenta foguetes para louvar o Jardel!
…, …,… um, dois, três minutos de silêncio para meditar sobre o eclipse de um clube.
…,…,… os foguetes só eclodem quando há paixão. No Sporting, venceram os burocratas. Aqueles que não entendem que aos clubes compete vender ilusões e não números. Que nenhum relatório e contas bem apresentado se sobrepõe a três foguetes lançados ao ar, numa tarde de domingo, que aprisionaram aquele que vos escreve. Ouvir-se-ão outra vez?
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