13.3.05

A posse

Demonstrando uma clara falta de pachorra para a coisa, Sócrates aviou a cerimónia da tomada de posse em tempo recorde. Livrou-se de discursos enfadonhos e longos, e prometeu determinação q.b., como se esperava e como lhe competia. Pelo meio livrou-se, e bem, das palmadinhas nas costas dos suspeitos do costume. Tudo muito certo. Não fossem as medidas anunciadas (duas) roçarem o absurdo, e talvez ninguém tivesse sequer dado pela mudança de primeiro-ministro. Por entre alguma trapalhada mecanizada e profundamente ensaiada, Sócrates anunciou o fim do monopólio das farmácias e o referendo sobre a Europa no mesmo dia das eleições autárquicas. À falta de melhor, e de imaginação, nada como anunciar novidades de utilidade duvidosa e de alcance modesto. Os portugueses agradeceram e dormiram mais descansados. O desemprego e o défice, com toda a certeza, já eram.