31.8.05

Sónia

Acordei um dia destes com um pesadelo.

Um homem tem destas coisas! Acorda a meio da noite sobressaltado, por causa de pormenores insignificantes.

Sonhava que estava, algures em Lisboa, com a minha “velha” amiga Sónia.
Não é a das mamas grandes. Nem muito menos a que vive e é do Porto Santo. Esta Sónia também tem as mamas grandes. Sei porque adormeci algumas vezes no meio delas. Corrijo. Sonhei que estive no meio delas.

Vivemos momentos interessantes os dois. Eu era jovem inexperiente. Ela rapariga adulta. Saímos à noite porque durante o dia não nos suportávamos um ao outro. Ela era demasiado lenta desde o nascer até ao pôr-do-sol. À noite era o contrário. Leva-me pela mão aos sítios mais obscuros da cidade. Alguns dos quais já tentei voltar sozinho, mas nunca dei com a porta. Até era bom que o problema fosse uma questão de portas. Era muito maior. Fizemos junto os mesmos percursos várias vezes e nunca os fixei. Àquela hora, também era difícil. Haviam muitas ruas escuras, muitas pessoas, muitas portas. Depois nunca andávamos sós. Ela gostava de vodka, eu, de sumo de laranja. Pedíamos duas vodkas com sumo de laranja. Ela tomava a vodka, eu, o sumo de laranja. Não sei porquê, ficávamos mais contentes. Quer dizer… (bêbados)! Passados alguns anos, agora sei. Se ela tomava vodka; e se eu lhe dava alguns uns beijos, é normal que ficasse mais alegre. Não eram beijos dos que se dão à chegada ou quando o padre diz: - e agora o casal que se BEIJE. Não! Eram momentos intensos, que puxavam pelos pulmões. Lembro-me, inclusive, de ter problemas de falta de ar, por causa dos beijos dela. Outra vez, foi porque um polícia nos bateu no vidro do carro. Não percebi o que disse, mas julgo ter afirmado qualquer coisa do género: - já são horas para desaparecerem daqui. Também, mais minuto, menos minuto, teríamos que despertar. O sol já estava alto.

Foi assim durante algum tempo. Percorremos a Lisboa subterrânea. Éramos inseparáveis. Ela conhecia os sítios, eu conhecia-a. Ela jogava matrecos, eu acompanhava-a. Raras vezes ganhámos. Havia sempre alguém melhor do que nós, o que não era difícil. As vodkas baralhavam os pés dos avançados e claro. O guarda-redes é quem mais sofria. Era uma tarefa difícil, para principiantes como nós.

Ainda hoje, quando vou jogar matrecos, lembro-me dessa minha transpirada passagem pelo campo. Suava antes das bolas entrarem. Soei por vê-las à minha frente e não lhes poder fazer nada. Fiquei encharcado a primeira vez que as consegui tocar com as pontas dos dedos das mãos. Não sei se perceberam. O jogo mudou.

Poderia relatar as partidas mais importantes mas não vou fazê-lo. Prefiro continuar a contar outras estórias. Existem mais, mas ficam par uma próxima viagem de regresso ao passado.

Angelino Mata Câmara

Nota de rodapé: Hoje continuamos juntos. Ela tem um blog. (http://www.sraso.blogspot.com), eu escrevo num blog. Não lhe digam o que escrevi. Afinal, foi só um sonho.

4 comentários:

Anónimo disse...

falta o 'g' em blogspot.com. ;-)

Anónimo disse...

Já tens idade para tomar juízo e deixar de falar na Sónia. Ela sabe e nós também sabemos a quem te referes.

Angel disse...

É engraçado o seu comentária, pela aberração daqui-lo que diz.

Certamente não leu o texto. Se leu, leu mal!

Anónimo disse...

Angel, o que tu queres sei eu.