17.7.06

Discutir com fanáticos

Num jantar recente, uma discussão calorosa toma lugar. De um lado, um bando de fanáticos que acha que as pessoas são totalmente incapazes de discernir o certo do errado e do outro lado, eu, um modesto rapaz que se preocupa excessivamente com a liberdade. Pelo menos com a minha. A coisa descamba porque defendo que o Estado não deve impor o uso do capacete aos motociclistas ou do cinto de segurança aos condutores de automóvel (não aos seus passageiros, o que é diferente) e que isso é meio caminho andado para a imposição descabida de mil e uma outras coisas, disfarçadas de necessidade absoluta como a extraordinária multa que se quer passar a quem desrespeite uma bandeira vermelha na praia. Toda a gente me salta em cima: como é possível que alguém diga semelhante barbaridade? Cruzes credo, sou um bárbaro e desconhecia. De facto, vivemos num mundo povoado de insensatos, desde que a ciência nos prometeu que a imortalidade pode ser terrena em vez de espiritual. Basta ver os cuidados com a alimentação, o desporto desenfreado e a paranóia pelos ambientes saudáveis. Toda a gente quer viver até aos 150 anos. No mínimo. Tento me defender assim, como é óbvio, contra-atacando. Não alinho nisso. Nem em nada do género. O Estado não é omnipotente e não me deve dizer como devo ou não devo viver. Uma coisa é uma regra de trânsito que visa estabelecer as condições para circular nas estradas e outra bem diferente, são os adereços que devo ou não devo usar, supostamente para minha segurança. Um trovão quase me cai em cima da pinha. Os meus adversários ficam fulos, furiosos e furibundos (outro conjunto de três éfes famoso). Que se quisesse isso que assinasse uma declaração em como recusava a assistência do Estado no caso limite de me acontecer alguma coisa porque os contribuintes não têm que sustentar irresponsáveis e coisas do género. Perante este género de argumento pré-histórico decidi calar-me. Afinal, já ouvi dizer que não é saudável para o coração discutir com fanáticos.