Há dias, quase distraído, dei por mim a ouvir o fecho do telejornal da RTP1. O Ministro da Economia, que andava estranha e convenientemente desaparecido, veio apresentar a nova (mais uma) imagem de Portugal no exterior. Portugal - Europe’s West Coast (Portugal - a Costa Oeste da Europa) assim se chama a campanha dirigida para um conjunto de mercados específicos e prioritários para o país e que mete, ao barulho, gente ilustre como Mourinho, Mariza e o nosso Cristiano Ronaldo. Ao som do fado, uma tristeza cantada, a notícia discorria sobre a potencialidade e os objectivos do governo para um sector que, ao fim e ao cabo, deve ser o único com parcial futuro nesta modorra instalada.
Entendo, claro, que o governo faz muito bem em aproveitar a notoriedade destas individualidades, mesmo que elas pouco ou nada tenham a ver com o país que as viu nascer, um mero acidente que genética e socialmente não deve ter lá grande explicação. Mourinho, por exemplo, quem não se lembra?, sofria de um primário ódio nacional antes de se tornar no Special One inglês e o treinador mais desejado (pelos adeptos da bola e por alguns segmentos femininos) no mundo. Relembre-se ainda que alguns dos atletas recomendados, nem se treinam em Portugal para sorte do desporto mundial e, por arrasto, da glória da pátria.
Pessoalmente admiro ainda a imaginação do nome e a forma encontrada para promover a nação nuns cartazes bem desenhados. No fundo, os portugueses não são mesquinhos nem egoístas, amam a “energia eólica” e desejam, intimamente, que muitos estrangeiros dêem abnegadamente pela nossa existência. Que dêem abnegadamente pela nossa existência e que dêem verdadeiramente com a costa e à costa como nós, há muito tempo, já demos. De preferência, ao som do eterno fado e, se não for muito incómodo, com uma ventoinha na mão.