19.12.07

Virgens ofendidas

Alguma blogosfera mostra a sua indignação pelo facto do Tribunal Judicial do Funchal levar a julgamento Armando Baptista-Bastos, devido às alegadas ofensas a Alberto João Jardim, feitas num artigo de opinião publicado a 8 de Julho de 2005, no Jornal de Negócios.
Ora, era só o que faltava um governante não poder processar um comentador (atenção, foi um artigo de opinião), caso entenda que a sua honra foi ofendida. E Baptista-Bastos já é bem velhinho (porque o homem já é velho, não é apenas crescido) para saber que o seu artigo traria consequências, de resto, inevitáveis.

Mas acho especial piada aos paladinos da justiça que aplaudiram a vergonhosa recepção de Paulo Pedroso na Assembleia da República, após a sua libertação, ou que nada tiveram a opinar sobre o processo interposto por José Sócrates a António Balbino Caldeira, do Portugal Profundo, que denunciou toda aquela trapaça da Universidade Independente, mas que agora: aqui-del-rei, que Jardim é um fascista e que persegue os jornalistas.
Como diria o meu bom amigo Gonçalo, bordamerda convosco!
É mais do que legítimo que qualquer cidadão que sinta a sua honra ofendida processe o autor destas alegadas injúrias. Tal como quem as faz, tem que ser coerente e enfrentá-las sem subrefúgios.


PS - Por mim, estaria disposto a ir a tribunal por todos os adjectivos com que já mimei o governo da República. Porque gostaria de repeti-los todos.

6 comentários:

António Balbino Caldeira disse...

Grao pela referência e solidariedade... Esta malta tem raiva a quem lhes denuncia os podres e só vê para um lado. São fanáticos socretinos. Já agora, parabéns pelo seu blogue que vou juntar ao meu blogroll. Continue!

amsf disse...

Por eventualmente ser uma das virgens ofendidadas esclareço que impos-me comentar apenas assuntos directamente ligados à Madeira ou internacionais e como é evidente tenho também as minhas opiniões sobre os casos citados.

Também estaria disposto a repetir em tribunal alguns dos meus comentários mas porque sei que o Tribunal não me permitiria "discursar", mesmo que o fizesse a comunicação não o transmitiria, mesmo que o transmitisse não ia conseguir mudar nada pelo que não estou disposto a ir ao um Tribunal aturar baboseiras. O dr. Alberto João já é crescidinho, suficientemente calejado e sem moral para tomar tais medidas pelo que a sua actitude, neste contexto, mete nojo.
Se eu fosse o Baptista Bastos simplesmente não comparecia em tribunal...que me prendessem...
Sim...eu sei...que este esclarecimento não faz sentido pois eu não sou ninguêm...

Sancho Gomes disse...

António Caldeira,

nada tem a agradecer. E podendo de nada valer, contará sempre com a minha solidariedade, sempre que em causa estiver s sua liberdade de expressão!

amsf,
não considerará que o texto foi ofensivo?

amsf disse...

Sancho Gomes,

Fora do contexto seria ofensivo no entanto é preciso reconhecer que o AJJ não é própriamente um menino de coro. Quer responder responda da mesma forma, literáriamente e não judicialmente escudando-se atrás da imunidade e usando os dinheiros públicos (legalmente) para atacar os adversários políticos e ideológicos. Penso que o que o incomodou foi a revelação daquele pequeno facto histórico que reduz a sua "virilidade"!

Anónimo disse...

Olá Sancho,

Sempre directo, o que só te valoriza. No entanto (estes 'entantos' é que são tramados...) permite-me algumas considerações.
1 - Como classificas alguém que, a coberto de dupla imunidade - Governo e Conselho de Estado - evita responder em Tribunal por ofensas idênticas às que são apontadas a Baptista-Bastos?
2 - Concordo que qualquer pessoa, figura pública ou não, tem o direito de defender o seu bom nome. O que também deve é ter a coragem para responder pelos seus actos.
3 - Creio que acompanhas a comunicação social regional e se perderes algum tempo a ler os artigos de AJJ, no Jornal da Madeira, facilmente encontras acusações e frases que ultrapassam o insulto. A maioria mais graves do que o texto de B-B.
4 - É uma situação perfeitamente desigual e desonesta.
5 - Um processo idêntico, contra Francisco José Viegas, começou por uma vitória de AJJ, no Tribunal do Funchal, mas acabou com derrotas em todas as instâncias superiores...
6 - Também estou para ver quem serão as testemunhas que vão apoiar a queixa de AJJ. O advogado, se não me engano, será um daqueles que recebem uams avenças do GR. Ou seja, pagos pelos contribuintes...

Um abraço

Jorge F. Sousa

Sancho Gomes disse...

Jorge, como sabes é sempre com imenso prazer que recebo os teus comentários.
Relativamente à tua questão, julgo que estava implícito no meu texto: a imunidade (fundamental para proteger os órgãos de soberania) jamais deveria servir para protecção de injúrias. Logo e de forma clara: é óbvio que vai mal AJJ quando ofende quem quer que seja, a coberto da sua imunidade.
Mas o facto de ele eventualmente ofender alguém não lhe retira o direito de se sentir injuriado e de proceder judicialmente.

Mas reitero que Baptista Bastos não é nenhum novato e algumas das considerações eram manifestamente injuriosas. Não venha fazer papel de anjo, porque também não o é nem nunca o foi.

Relativamente ao meu post, naturalmente ele tinha destinatários definidos (nos quais, como é óbvio, não estás incluído): todos aqueles que enterram a cabela na areia quando a prepotência vem do PS, evocando o direito ao bom nome, mas que não reconhecem a mesma legitimidade - que reclamam para os seus correlegionários - aos outros.

amsf:AJJ, não sendo nenhum menino de coro, tem o mesmo direito que o meu caro interlocutor em proceder judicialmente, se entender que em causa está o seu bom nome.