5.8.09

Sobre as listas do PSD

Para além das tontices que alguns já nos habituaram, ou as profundas imbecilidades que aquele novo porta-voz do PS (is it for real?) debita de vez em quando, a verdade é que as listas do PSD às próximas eleições legislativas merecem alguma reflexão e um ou outro comentário.
Antes de mais, o respeito pelas estruturas locais não significa cedência ao caciquismo. A líder do PSD tem o dever de ouvir as distritais mas não está, de modo algum, refém dos nomes que essas estruturas indicam. Aliás, na Madeira, conhecemos bem o que aconteceu quando a liderança do PS deixou-se manipular pelas concelhias, permitindo a golpada que levou alguns ao poder (e que não mais de lá foram arredados).
É, portanto, perfeitamente legítimo que Manuela Ferreira Leite indique para as listas pessoas que lhe estão próximas e que lhe garantam alguma estabilidade. Ainda para mais, porque o PSD pode vir a ser poder em governo minoritário e tem de se precaver contra a possibilidade de terrorismo interno (que alguns poderiam ter a tentação de implementar). Posto isto, é legítima a exclusão de Pedro Passos Coelho e de Miguel Relvas das listas. Reconheço a qualidade de ambos, bem como o facto de poderem constituir-se como mais-valias eleitorais. Mas percebo a opção; é legítima e democrática. E do ponto de vista eleitoral, esta até pode vir a ser uma medida que colha junto do eleitorado porque demonstra a sua resiliência, obstinação e inflexibilidade às vontades dos caciques.
Tenho mais algumas resistências relativamente à inclusão de Helena Lopes da Mota e António Preto nas listas. Acho que Marques Mendes havia implementado um bom princípio de que suspeito de corrupção e arguido não é candidato. Este é um retrocesso enorme do ponto de vista democrático, da transparência e da moralidade e terá consequências eleitorais, para além de causar algum incómodo a Manuela Ferreira Leite. Mais, é que a opção nem se justifica pela qualidade de ambos que, em minha opinião, deixa muito a desejar.
Por outro lado, também não percebo a inclusão de Nogueira Pinto. A esta reconheço qualidade, mas não percebo como se pode premiar alguém que apoia António Costa para Lisboa, nem o que espera ganhar Manuela Ferreira Leite. É que, a valer alguma coisa eleitoralmente, Nogueira Pinto vale à direita e não é com essa que o PSD tem de se preocupar. Por isso, apesar de achar que os partidos não devem ser agências de emprego para os carreiristas, percebo alguma revolta interna na distrital de Lisboa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este país está "doente": Se o nosso sistema judicial não permitisse tantos recursos e a Justiça fosse mais célere, alguns casos de corrupção noticiados originariam penas pesadas o nunca aconteceu e que desconfio nunca acontecerá. Seriam precisos mais meios para investigar e julgar em tempo útil esses casos. Lembremo-nos do caso Manhoff que foi investigado, julgado e teve condenação em cerca de seis meses. Por cá os infindáveis recursos que o nosso sistema judicial permite, que apenas favorecem os ricos, com meios para os explorar, é o suficiente para paralisar a justiça e assim a única pena que atinge esta gente rica e poderosa será o facto de terem que gastar um pouco da fortuna acumulada sabe-se lá como para pagar a bons advogados que explorando todos as possibilidades do sistema judicial permitem manter os suspeitos em liberdade durante anos, lustros, décadas até que morram os lesados e o crime se esfume na memória dos tempos. Poderemos concluir que assim a justiça não é igual para todos, o que também é injusto e talvez até inconstitucional.

A culpa é nossa porque não somos capazes de desatar o "nó górdeo" que nos prende ao PS e PSD, partidos há demasiado tempo ligados ao poder que já não têm capacidade de regeneração e resolver o problema de forma honesta. Ambos reconhecem que é preciso fazer alguma coisa mas nunca é a hora oportuna: É preciso reduzir o nº de recursos possíveis, simplificar as leis, dotar de meios a investigação e Tribunais e aumentar as penas efectivas em vez da sua redução como tem acontecido ultimamente.

Concordo que não se pode condenar antecipadamente quem quer que seja da condenação, mas, sem cortar a possibilidade de recurso, um condenado é um condenado e a partir daí o esse estatuto deveria impedir o exercício de funções públicas mesmo considerando a existência de recurso. Mais: A apreciação do recurso deveria ter prioridade máxima e implicar o aumento da pena em caso de confirmação, porque é frequentemente usado apenas como expediente para adiar o seu cumprimento.

Zé da Burra o Alentejano

Anónimo disse...

O nome do magnata emericano é MADOFF e não MANHOFF. Perdão pelo erro.