23.8.05

Sobre a esperança

O Sporting tem ainda esperança de fazer na segunda mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões aquilo que não conseguiu fazer na primeira. Ou seja, levar de vencida a formação da Udinese. Desconfio que mais uma vez não passará disso mesmo: de uma ténue e vã esperança.
Os problemas do Sporting são três. Um primeiro está na baliza e dá pelo nome de Ricardo, jogador que consegue sempre falhar nos momentos decisivos. Foi assim, e por exemplo, na final do Campeonato Europeu contra a Grécia; foi assim há dois anos quando Giovanni rematou a 40 metros da baliza (roubando ao Sporting a possibilidade de uma pré-eliminatória na Liga dos Campeões); e foi assim também o ano passado quando Luizão, esse brilhante jogador que ia para o Real Madrid, chegou mais alto com a cabeça do que Ricardo com as mãos, oferecendo ao Benfica não só o acesso directo à Liga dos Campeões como também o título de campeão nacional, no mais pálido campeonato de que há memória (excepto para os srs. José Veiga e Luís Filipe Vieira).
Um segundo problema está no banco e atende pelo nome de José Peseiro. Peseiro é um treinador medíocre, medroso e com nítida falta de talento para a arte da bola. É um treinador nervoso e sem pulso no balneário (quem não se lembra das cenas de Rochemback?) situação que se agrava de semana para semana com o acumular da indisciplina. Mas Peseiro é também um azarado, situação alheia à sua pessoa, porque também ele falha sempre nos momentos decisivos.
Um último problema está na presidência do clube mais aristocrático do país. Dias da Cunha passa a vida a desculpar-se com os árbitros os maus resultados e os insucessos obtidos pelo Sporting. Este tipo de discurso permite duas situações nenhuma delas benéficas para o Sporting: por um lado, desresponsabiliza os jogadores e o treinador por aquilo que acontece; e por outro, não resolve os problemas estruturais e conjunturais do clube, passando para o imaginário colectivo uma série de inimigos e de teorias conspiratórias que mais não são do que bodes expiatórios para ocultar falhas graves de organização.
Enquanto assim for, enquanto o Sporting não resolver estes problemas o verde é, e apenas será, a cor da esperança. Os outros grandes, por ora, agradecem.