Jacques Chirac afirmou que vai promulgar a lei que regula o Contrato de Primeiro Emprego, o famoso CPE. Vai fazê-lo e muito bem, os agitadores profissionais querem fazer crer que a riqueza nasce nas árvores, que se tropeça nela a cada passo dado, em suma, que não é preciso trabalhar.
Pois enganam-se, sem produção não há riqueza, sem riqueza não se investe, sem investimentos não há emprego, sem emprego há fome, crime e miséria. O famigerado modelo social europeu está condenado, permanecer agarrado a conservadorismos ultrapassados resultará no fim das sociedades, ditas exemplares, da Velha Europa. Flexibilizar as relações de trabalho implicará maior dinamismo. Percebam uma coisa, nenhum empregador preocupado com o lucro e sobrevivência da sua empresa passa dois anos a formar uma pessoa para, findo esse período, mandá-lo embora e reiniciar esse processo. Quem tiver vontade, garra e determinação demonstrará a mais valia que será para a organização e manterá o seu trabalho (e não emprego como muitos comodistas que cantam loas à preguiça gostam de dizer). Haja querer.
Antecipando os insultos (porco fascista, algoz liberal e outros do género), agradeço a atenção e os elogios.
17 comentários:
Realmente não há puta que se veja...
"Jacques Chirac afirmou que vai promulgar a lei que regula o Contrato de Primeiro Emprego, o famoso CPE."
A promulgação não foi efectiva já que Chirac quis que dois importantes pontos fossem alterados. A estratégia de Chirac de agradar a Gregos e Troianos poderá ser uma má estratégia. Esta lei desvelava timidamente aquilo que é cada vez mais necessário fazer no mercado laboral. Felixibilizá-lo e dar um novo ímpeto à liberdade contratual. De leis "light" a Europa começa a ficar farta. Que o diga a versão "light" da Directiva Bolkstein...
Carlos, eu sou um leigo em economia e finanças, mas explique lá em que é que a possibilidade de despedir, sem justa causa, um trabalhador, irá criar riqueza. É que, sinceramente, esta medida a mim parece-me ultra-liberal.
"É que, sinceramente, esta medida a mim parece-me ultra-liberal."
E depois?
"E depois?"
E depois... nada, eu cá sou pela liberdade individual. Todavia, o argumento de que o CPE é uma legislação que visa promover riqueza vai "aos beleléu"!
so não percebe quem nunca foi empresário e nunca lá chegará, nenhum patrão despede uma pessoa competente,é de Competência e bom censo que se requer de ambas as partes...
O sr. Carlos Rodrigues esquece-se que mais de 90% das empresas na Madeira não dão formação aos seus trabalhadores como estipula a lei. Por isso a produtividade é tão baixa no nosso país. Penso que deveria ser necessário dar formação aos empresários para eles saberem da sua importância para os trabalhadores.
não se pode inverter as coisas, as empresas são locais onde se aprende e muito mas a formação pretende-se antes do emprego/trabalho, a lei estipula e bem formação numa ordem de actualização/reciclagem, logo meu caro, a produtividade baixa advem de modos, metodos de trabalho arcaicos, e trabalhadores que pensam que o patrão é rico pode pagar e por isso ele q se lixe...que mentes tão pequenas! Quanto à formação aos empresários não podiamos estar mais de acordo, rentabilizar e criar riqueza para o país e para o próprio é o que nos move, não sou daqueles que pensa q já sabe tudo... e qualquer empresário sabe que sem colaboradores a sua empresa simplesmente não existe, o feedback dos clientes é em primeiro lugar sobre os funcionários, o patrão só dá a cara às Finanças, inspecções, S Social, Sindicato, Tribunais, etc.. tudo coisas simpáticas!
Carlos,
você afirma: "ficar obrigado a manter um incompetente, preguiçoso, não produtivo é a condenação da empresa".
É uma realidade, as empresas não têm a obrigação de pagar ordenados a incompetentes ou preguiçosos. Mas acho que o pressuposto está errado, porque o desempenho dos jovens no seu primeiro emprego não é marcado pela preguiça. É uma realidade que também não primam pela competência, afinal essa vem depois, mas esse é um problema que se pode imputar aos empresários, que contratam desqualificados por auferirem ordenados mais baixos, ou ao sistema formativo/educativo.
Outro pressuposto que acho que está errado é o facto de assumir que os patrões são competentes e os trabalhadores não. Parece-me uma visão maniqueísta da dinâmica laboral. Outra facto que, parece-me, estar algo enviezado, é o de que os patrões não despedem jovens competentes. Antes de mais assume que os empresários são eles próprios competentes - quando o tecido empresarial nacional demonstra o contrário -, depois assume que são honestos. Explico-me: como sabe temos em Portugal os estágios profissionais e os Programa Ocupacionais, que beneficiam as empresas portuguesas e que têm como objectivo introduzir jovens no mercado de trabalho, no primeiro caso e, no segundo, re-introduzir desempregados. A realidade demonstra-nos que, na sua maior parte, os trabalhadores são apenas recrutados por serem mão-de-obra barata. Todos conhecemos inúmeros casos em que após o período de estágio ou POC, os trabalhadores são sumariamente despedidos, a despeito da sua competência. Chega-se ao ridículo de depois de acabar o subsídio de desemprego, depois de um ano de trabalho à borla, os empresários – os tais, que são honestos – convidarem os trabalhadores e continuar no seu posto com o Subsídio Social. Isto depois de já terem demonstrado a sua competência. Afinal, são competentes o suficiente para o subsídio de refeição, mas não para um contrato? Como é que ficamos?
Depois, as tais empresas voltam a recrutar jovens, de novo a custo zero – ou quase – para voltar a ocupar uma vaga que já poderia estar bem preenchida. E isto, como você sabe, acontece em inúmeras empresas. Não me tente agora convencer que é a responsabilidade social das empresas e/ou a consciência social dos empresários que os impele formar trabalhadores.
Em relação ao PEC francês, temo que apenas sirva para despedir trabalhadores e contratar outros, sempre a preços baixos, porque como é natural, um trabalhador qualificado, competente, custa mais dinheiro (que pode render em produtividade) do que um jovem ainda em formação.
É necessário flexibilizar a mobilidade laboral, mas não confundo esta necessidade com medidas que têm como único objectivo proporcionar aos empresários mão-de-obra barata.
Por último mantenho a minha pergunta inicial: em que é que o PEC fará crescer a riqueza?
Cumprimentos
OO7,
“so não percebe quem nunca foi empresário e nunca lá chegará”.
Quer dizer qualquer coisa? Continuo à espera! É que eu saiba, não somos amigos. E se quiser discutir comigo, faça-o com argumentos, não com insinuações imbecis.
sanchinho, desculpa não sabia que isto era um blog só para amiguinhos...DEVIA ter um SINAL, desculpa qualquer coisinha!
OO7, não é por nada, mas a sua capacidade de compreensão é um bocadito pró limitado, não é? Não que tenho alguma coisa contra, eu cá sou pela plena integração das pessoas portadoras de deficiência.
desde que amiguinhas, devia ter acresentado!
Não será preconceituoso afirmar que a maioria dos jovens são preguiçosos?
Mera questão retórica, porque como afirmei, na dinâmica laboral não me parece haver só bons ou só maus, conforme as margens. Insisto, não sou maniqueísta a esse ponto. Foi você que se esqueceu de reconhecer que existem muitos empresários incompetentes, preguiçosos, não produtivos.
Felizmente existem óptimos empresários, pessoas que criam riqueza para si e para os outros. Não tenho nada contra os empresários que acumulam fortunas, desde que para tal não se esqueçam que os seus trabalhadores contribuíram para esse acumular. E a verdade é que é possível, mesmo com a legislação ultrapassada criarem-se grandes grupos económicos(basta ver os grandes nomes empresariais portugueses, ou franceses).
"CPE implica mais emprego, as empresas podem arriscar muito mais e não esperar que morram funcionários". E eu que julgava que o CPE regulava o primeiro emprego. Contratos semestrais não chegam como forma de regulação?
Não sou comunista, nem nunca fui. Ideologicamente estou bem situado. Mas serei sempre apologista da Justiça Social. E sempre que me parecer que o poder político se está a submeter ao poder económico, sei bem de que lado da barricada vou estar.
É isso Carlos, um dia falaremos (até volto à Madeira no próximo sábado)!
Fique bem.
"E depois... nada, eu cá sou pela liberdade individual."
Então não o compreendo. O CPE é uma medida que vai ao encontro da liberdade contratual, e logo à liberdade tanto do empregador como do trabalhador.
Os termos dos contratos devem ser discutidos apenas pelos envolvidos, e serem eles a escolherem as condições para do acordo. Ou então, simplesmente não criam condições. O que é necessário é haver esta possibilidade...
Bruno, a ver se nos entendemos:
o facto de me parecer que o Contrato Colectivo de Trabalho - a par com mais alguma legislaçãozinha cozinhada no PREC - está mais do que pronto para ser queimado, não implica que eu concorde com uma absoluta desprotecção dos direitos dos trabalhadores. Não conheço a legislação laboral francesa mas presumo que também tenham contratos a prazo. Parece-me suficiente que caso os trabalhadores não se enquadrem no perfil da empresa (seja lá por que motivo for), é perfeitamente viável que se espere pelo fim do contrato. Estaria completamente contra um modelo CPE em Portugal, porque acho que contratos semestrais são mais do que suficientes para os empresários aferirem das competências dos seus trabalhadores. Após seis meses, se os trabalhadores não interessarem, não se renovam os contratos. A mim parece-me uma solução simples e equilibrada.
Carlos, você afirmou: "Nunca percebi essa dicotomia poder político, poder económico (...) Não são opostos, nem se opõem".
Mas é que são absolutamente opostos, na medida em que são sistemas distintos. Não são incompatíveis, no meu modelo de sociedade não o são, mas serão sempre opostos, porque o interesse da política não é o mesmo que o interesse da economia. O problema está exactamente em confundi-los. Como já uma vez afirmei, nesta questão estou com Mounier e o seu Personalismo. À economia compete criar riqueza; a Política tem de ser a regulação ética da Economia, apesar da sua intervenção poder/dever ser minimalista.
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