10.5.06

As propinas deveriam aumentar?

A Associação Académica da Universidade da Madeira (na verdade, da Escola Secundária da Penteada) diz que as propinas não devem aumentar. Ora, eu acho precisamente o contrário, para não variar.

Portugal não tem uma só Universidade que no seu conjunto se possa dizer acima do razoável. E não a tem precisamente porque está demasiado estatizada (mesmo as privadas). Não tem autonomia financeira nem, na prática, autonomia académica, para já nem falar do deserto que é a produção de conhecimento. E claro, também tem muito maus alunos, generalisadamente especializados em queimas de fitas e bebedeiras, nas quais estoiram o dinheiro que não têm.

Pelo que sei, as boas universidades pelo mundo fora são pagas, e bem pagas. Isto é válido para as privadas e, ao contrário do que se diz, também para as públicas. Claro que há a universalidade do ensino e do seu acesso. Mas não é pagando menos que a coisa melhora. Uma bolsinha de educação feita pelos pais à nascença dos meninos, como na América, e um sistema de empréstimos a pagar depois da conclusão do curso (que a Associação discorda), são soluções aceitáveis, mas a médio prazo. Para já, e para vermos resultados, as propinas terão que aumentar.

Porém, tal como o ensino superior está é que não. Um exemplo. Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa todo o dinheiro que há é exclusivamente para pagar os funcionários. Não sobra um tostão para mais nada. Não sobra um tostão porque também não há equidade, pois o filho do médico e o filho da empregada do Bazar do Povo pagam a mesma coisa. Depois, claro está, isso reflecte-se no que fazem e apresentam "os sábios" que de lá vão saindo.

Mas desengane-se quem pensa que a baixa competitividade das universidades portuguesas começa realmente na Universidade e no problema das propinas. Começa muito antes, nos ciclos e no secundário. O relatório PISA 2005 (Programme for International Student Assessement) põe a nu esta esperada realidade, colocando-nos no lugarzinho que nos é habitual: o fundo da tabela europeia em todos os parâmetros. E aí, já nem pagando se chegamos lá.

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