27.9.07

A brincar com coisas sérias

Parece que o presidente iraniano foi a uma universidade americana dar uma conferência. À parte o caricato da situação, que tem a ver com o dar liberdade de expressão a quem não a defende e muito menos proporciona, o dito senhor, depois de alguns apupos, provocou sonoras gargalhadas ao afirmar que no Irão não há homossexuais. O espectáculo de stand up comedy gerou alguma incredulidade que rapidamente foi ofuscada por não se lhe dar a devida importância. Relembre-se que o caso não é único: para o poder iraniano o holocausto é um mito (também reafirmado na conferência) e Israel deve ser varrido do mapa. À bomba se necessário.

Claro está que a maioria dos políticos ocidentais olha para semelhante idiotia e limita-se a rir ou a perdoar o desvario, como se este tipo de afirmações não tivesse ou não representasse qualquer gravidade. Há gente que acredita que é possível uma via diplomática para resolver certos imbróglios cujo desfecho é tudo menos optimista. É por isso que o Irão se torna perigoso de dia para dia. Alimentar absurdos à conta do deixar andar, um mito alimentado pela nossa arrogante mania de superioridade moral e intelectual que tudo perdoa e tolera, não garante segurança a ninguém e muito menos faz do mundo um lugar mais interessante. Hoje é Israel e os homossexuais. Amanhã, quem sabe?