Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
4 comentários:
De férias?
É tão bom fazer seja lá o que for na vida, apenas quando nos dá vontade e prazer.
WOAB,
não, ainda não!
Apenas falta de vontade de postar...
Rui,
pois é. Infelizmente, nem sempre é possível.
Fernando Pessoa é o expoente máximo da literatura portuguesa.
Absolutamente fantástico!
Uma abraço
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