O Sr. Comandante da PSP na Madeira, figura de quem nem o nome fixei, protagonizou ontem um dos momentos mais ridiculos de que há memória nos últimos tempos.
Convidado a falar sobre o assalto à mão armada da última quarta-feira arengou, textualmente, que cenas violentas como aquela, que aconteceu em plena zona turística, à hora de ponta, são fruto do... "desenvolvimento".
"São crimes típicos de uma sociedade desenvolvida", desculpou-se... Se não fosse grave até tinha graça.
Pior foi quando amarfanhou a ideia de que a segurança dos cidadãos depende... dos cidadãos, ou seja, no caso em apreço, segundo a lógica que se depreende de semelhante arenga, o cidadão proprietário da ourivesaria deveria estar armado com uma BAZUCA, aguardando serenamente os assaltantes...
Segundo o comandante, a percepção de insegurança na Região é maior do que a própria insegurança. Temos de convir que é verdade. Agora o que também é verdade é que quem deve combater a insegurança, ajudando ao mesmo tempo a diminuir as "más percepções", é a própria força policial que ele comanda. E como? prendendo bandidos, é mais ou menos básico... Para isso, talvez seja importante dedicar menos tempo a operações stop, a multas nos parcómetros, entre outras actividades relevantes. Digo eu...
Às vezes, para minorar a sensação de que "isto tá a ficar perigoso" são necessárias acções como mais policiamento de proximidade, mais comunicação com a população por parte dos agentes, mais comunicação com os media dando conta de "casos bem resolvidos", etc.
Para além do mais, parece-me básico perceber que a insegurança se mede através da percepção, e não de outra coisa qualquer.
Ontem, o comandante perdeu uma bela ocasião para se explicar. Não explicou, ou ninguém lhe perguntou, por exemplo, como é que numa ilha com mais ou menos 700 km um carro topo de gama teve 12 horas desaparecido sem ninguém dar conta dele. Se calhar, se não tivesse havido aquele laxismo do género "há-de-aparecer-daqui-não-sai-pa-lado-nenhum-porque-carros-ainda-não-sabem-nadar", a PSP tinha acabado com um bando possivelmente perigoso sem sequer se aperceber disso.
Não explicou, ou ninguém lhe perguntou, porque é que o recente assalto violento à bomba de gasolina do Campanário não foi resolvido.
Não explicou porque é que nas Madalenas, há assaltos diários a apartamentos, e que medidas toma a PSP para minorar a situação.
Não disse sequer aquilo que deveria ter dito no caso em apreço, ou seja, foi um assalto que nos colheu de surpresa (aceitável) e tudo vamos fazer para o solucionar.
Enfim, se a ideia era diminuir a sensação de insegurança, a verdade é que o comandante contribuiu para ampliá-la...