Pelo nono ano consecutivo os funcionários públicos do país perderão poder de compra. Depois dos anunciados milagres económicos, financeiros e tecnológicos, eis a realidade crua que nos aguarda depois do governo falhar clamorosamente mais uma previsão relacionada com a inflação.
Os prognósticos governamentais continuam pelos vistos no domínio do totoloto: lançam-se uns números e fica-se à espera que a sorte nos saia, sem grande trabalho e com a confiança vã que ninguém dê pelo assunto. Claro está que quem sofre com as sucessivas imprecisões são os do costume, cada vez mais habituados a contar os tostões para pagar prestações sem fim à vista. Permanecemos assim no domínio do paranormal. Há anos que ouvimos falar de crise, de sacrifícios, de reformas, de medidas, de projectos, de desejos, do agora é que é. Passam-se os anos, passam-se os ministros e os primeiros-ministros, passam-se as políticas e tudo continua igual ao de sempre: muito longe da União Europeia, saturados pelas medidas de cosmética que não nos auguram nada de novo para o futuro, mas com a inusitada esperança que algo nos vai segurar e remediar. Continuar assim não é apenas uma triste sina: é um traço pronunciado de que não aprendemos nada. Nem queremos aprender.