Há silêncios que revelam bem a disposição das pessoas e a cumplicidade instituída nas cúpulas do dinheiro que depois traz poder, que depois traz dinheiro e que depois traz mais poder (e assim sucessivamente, não se sabendo bem se nasce primeiro o ovo ou a galinha). Na mais mediática eleição bancária de sempre, a lista vencedora nem se deu ao trabalho de explicar à arraia-miúda (um evidente incómodo) as linhas gerais que preconiza e que defende para o futuro do BCP. Santos Ferreira não apareceu (não era preciso), e um tal de Vara não se atreveu explicar coisas que muito provavelmente desconhece (não vá a montanha parir um rato).
No final da peça, o governo lá conseguiu o que queria: influenciar, e ganhar, as eleições num banco privado, ao mesmo tempo que mantém toda a sua omnipresença no banco público. As regras do jogo democrático encontram-se outra vez subvertidas graças a esta mentalidade mesquinha que prolifera pelo nosso país e que coloca o papel do Estado no centro da nossa vidinha mundana. No fundo, a ideia que passa é que tudo deve sempre depender do Estado, da sua anuência e da sua boa-vontade. Não há vida sem Estado. Lamentavelmente, o triste espectáculo que por agora termina, mais não é do que (mais uma) imagem fiel do nosso triste e endémico atraso.