O Eng. (?) Sócrates quebrou mais uma promessa. Com o argumento singelo de que se trata de um documento de natureza diferente, que não colide com o compromisso, primeiro, pré-eleitoral e, depois, governativo, já não vai haver referendo ao tratado europeu aprovado pelas cabecinhas europeias (cujo topo é o Dr. Barroso, interessado aparentemente num regresso à pátria) pela porta do cavalo, como o povo muito gosta de dizer. A coisa fica assim para a Assembleia da República e fica nas mãos dos principais situacionistas do regime que acham que o povo é um incómodo sem solução.
Quem ainda gesticula contra a criatura perde tempo. Na realidade, se observarem bem, estamos entregues a dois seres que, num ambiente muito propício, tratam da sua vidinha por uma questão de interesse mútuo, ao mesmo tempo que dão um ar e pose de estado conveniente e de aparente desconcertação concertada. Ao Dr. Cavaco interessa manter o Eng. (?) Sócrates e ao Eng. (?) Sócrates interessa manter o Dr. Cavaco: será isso que lhes garantirá uma reeleição calma, sem nada a atrapalhar. Neste regime de terceira república, cada vez mais convertido num regime de bufaria, de perseguição, de polícias dos costumes e de higienização popular e populista, não tenho dúvidas que estão muito bem um para o outro. E vão ver que ambos vão continuar os seus passeios na avenida perfeitamente incólumes e serenos, sem o pastel de nata, sem o arroz de cabidela, sem referendo, sem Ota, mas muito magrinhos e saudáveis.