17.5.06

O Código

Muito histerismo anda à solta. Presumível culpado: O Código Da Vinci. O filme sobre o livro de Dan Brown prepara-se para percorrer as salas de cinema no mundo e bater, quem sabe, confortáveis recordes. Não sei se perderei tempo precioso, ainda para mais quando já o perdi a lê-lo. Mas as coisas valem o que valem, e o livro, pouco mais do que corriqueiro porque perfeitamente previsível, não passa de um somatório de pequenas mentiras que se traduzem numa suposta conspiração global que atravessa alguns séculos. Convenhamos que o enredo até pode dar para filme. Ainda muito recentemente Almodóvar e Eduardo Cintra Torres faziam referência à pobreza actual de certos argumentos já que se valoriza muito os protagonistas e as produções em detrimento das estórias. Mas não exageremos. Dan Brown é um escritor menor e o seu livro não passa de uma profunda balela contada como se fosse uma inegável e inquestionável verdade, numa época em que dizer mal da Igreja Católica é moda e rende dividendos. Não vale o esforço. Nem a emoção. Pena que as pessoas acreditem em tudo o que lêem e pena também que sejam incapazes de, criticamente, separar o trigo do joio e entender as diferenças entre a realidade, a imaginação e a mentira descarada. É preciso antes de mais entender, e já o escrevi algures, que o livro de Dan Brown é para divertir; não é para levar a sério.