Por vezes, lembro-me destes versos do Boris Vian:
Há sol na rua
Gosto do sol mas não gosto da rua
Então fico em casa
À espera que o mundo venha
Com as suas torres douradas
E então nesses dias entrego-me devagar. Solenemente, porque é essa a melhor forma de elouquecer.
Aqui vai o resto do Poema, começando onde acabou. Como tudo, aliás...
Com as suas torres douradas
E as suas cascatas brancas
Com suas vozes de lágrimas
E as canções das pessoas que são alegres
Ou são pagas para cantar
E à noite chega um momento
Em que a rua se transforma noutra coisa
E desaparece sob a plumagem
Da noite cheia de talvez
E dos sonhos dos que estão mortos
Então saio para a rua
Ela estende-se até à madrugada
Um fumo espraia-se muito perto
E eu ando no meio da água seca .
Da água áspera da noite fresca
O sol voltará em breve
Esta treta chama-se, a propósito, Há Sol na Rua.