28.5.07

Liberdade para a Estónia, mas pouco!

Ouvi hoje, no debate de eurodeputados transmitido pela 2, Miguel Portas acusar Tallin de provocar os russos, pelo facto do Parlamento da Estónia ter deliberado retirar todas as estátuas que celebravam a opressão soviética. De acordo com o eurodeputado eleito pelo BE, a atitude - legítima, diga-se de passagem - do Governo de Tallin, em querer eliminar todos os símbolos da potência invasora, é reprovável. Apesar dos russos terem invadido a Estónia em 1940; apesar de ter sido anexada e ocupada pela força; apesar da União Soviética ter sido uma das maiores e mais cruéis ditaduras que o mundo já conheceu; apesar de oligarquia que domina Moscovo reiteradamente se imiscuir nos assuntos internos da Estónia independente, não respeitando a sua auto-determinação.
Ora, não é este mesmo senhor que se opõe a criação de um museu de Salazar, por entender que representa um branqueamento do fascismo em Portugal? Quer dizer, em Portugal ele quer impedir que a minoria de portugueses que idolatram o parolo de Santa Comba Dão criem um museu em sua memória, mas não reconhece a legitimidade do povo estónio em querer eliminar os símbolos de uma potência invasora. Ou seja, ele não respeita o direito de livre expressão de uma minoria em Portugal, mas quer que o povo estónio tenha que gramar com símbolos que representam a opressão de que foi alvo.
É, este senhor deveria receber um prémio pela hipocrisia.

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