Everyman (Todo-O-Mundo, na edição portuguesa) é provavelmente o melhor livro de Philip Roth. É sem dúvida o mais duro. O mais angustiante. "O combate de um Homem contra a Mortalidade", diz-se na recensão crítica. Ou a busca da absolvição na antecâmara da derrota final.
"A velhice não é um combate, é um massacre", diz a dada altura a personagem principal. Aquela que conhecemos no seu próprio enterro. Aquela que acompanhamos nos seus últimos anos. Aquela que se vai degradando fisica e moralmente na mesma proporção em que vai percebendo a aproximação do nada absoluto que é para ela a morte.
Everyman é um livro duro. Se calhar, inconclusivo (tal como a vida, de resto). As suas páginas são varridas pela poeira dos cemitérios. Pela temperatura gélida dos cadáveres (perdoem-me os lugares comuns). E o que fica delas: o som seco da terra sobre a tampa do caixão. E os ossos. Não é isso que ficará de cada um de nós?
Poucos foram os livros que me fizeram dormir mal. Este foi um deles.
Na lombada, deveria ter esta mensagem: "Não aconselhável a pessoas impressionáveis".
Por tudo isto, Everyman é uma obra prima.
2 comentários:
pior que ler o livro é ter essa experiência... Será que a vida não é aconselhável a pessoas impressionáveis? Agora fiquei a pensar...
Depois da morte... nada interessa: que é morrer senão erguer-se nu ao vento e fundir-se com o sol.
A vida é pouco aconselhável a pessoas impressionáveis, cara Nefertiti. Essa é uma evidência absoluta.
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