Salman Rushdie, um escritor que conheço mal, foi agraciado com o título de Sir pela Rainha de Inglaterra. Fatal como o destino, a coisa provocou indigestão em algumas pessoas e profunda azia nas ruas de países tão originais como o Paquistão, onde em jeito de homenagem paralela se queimaram bandeiras e livros em festivais pitorescos. Convém lembrar que na Alemanha Nazi também se começou por queimar livros. No dia seguinte, na mesma fogueira já se queimavam homens. Uma semana depois, distraidamente, marchava-se sobre a Polónia.
Há, desgraçadamente, muita gente que ainda acha que nos devíamos sentar à mesa com este tipo de primata. Como é óbvio, os exemplos desmentem e não permitem qualquer leviandade: ceder a esta gente e a este tipo de contestação é desistir de tudo, incluindo desistir daquilo que tanto nos custou conquistar. Poucos políticos teriam hoje a coragem da Rainha, pessoa que particularmente admiro. É nas alturas difíceis que se vêem os grandes líderes. E se dúvidas ainda existissem, ficou claro que a Rainha tem… tomates.