26.6.07

Roubar aos pobres para dar aos ricos (coitados...)

O governo desta (miserável) república onde vivemos encomendou um estudo para analisar a viabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Conclusões? As de sempre: é preciso aumentar as taxas moderadoras e acabar com mais algumas isenções (crianças e grávidas, por exemplo); talvez seja necessário criar mais um imposto ou um seguro obrigatório (como se eu já não descontasse obrigatoriamente para o SNS); cortar nas comparticipações, enfim, o normal...

Claro que, prontamente, a guarda avançada neoliberal (liderada pelos obedientes José Gomes Ferreira e Ricardo Costa) deste governo apareceu gritando: aqui d'el rei que o SNS está falido, que é preciso aumentar a comparticipação dos cidadãos, patati, patata. E são apresentados como especialistas. Sim, leram bem: especialistas! Especialistas de quê?, perguntamos nós. De Saúde; de Serviço Social? Não, especialistas de economia.
Ah, ficámos mais esclarecidos.

Ainda assim, resistimos. Com um esforço estóico, assistemos à verborreia destes senhores sobre a imperiosa necessidade do governo português ter de vir ao nosso bolso. Sim senhor, que estamos a ficar velhos (e a velhada custa dinheiro que não temos), que o estado não tem capacidade para nos sustentar, que cada vez mais tratamentos são comparticipados e assim por diante.
E de repente, uma perguntinha inocente: então, se a coisa está assim tão mal, o governo acabará com os benefícios fiscais para os utentes dos sistemas privados de saúde, (que tem como clientes os portugueses com alguma capacidade financeira, como os ditos especialistas, respectivas famílias e - suspeito - restantes pessoas de suas relações e amizade)? Não, porque não pode ser, porque o SNS vai ficar sobrelotado, patati, patata (de novo...).
E nós, macacos, ficamos confusos.
Então: aumentar-os-custos-com-a-saúde-para-os-desgraçados-que-recebem-miseravelmente, tudo bem. Cortar-nos-benefícios-daqueles-que-podem-aceder-a-sistemas-privados (onde me incluo), já não pode ser!

Está bem. Está certo. E esperam estes ilustres espécimes da chico-espertice lusa que alguém os leve a sério. M.... para eles!

Roubada daqui.

5 comentários:

Isabela Figueiredo disse...

Olha, no meu ordenado já não dá para roubarem mais. Já roubaram tudo.Enao tenho seguro de saúde e tremo de ir ao hospital.
Eu trago demasiada raiva, demasiada.

Anónimo disse...

isto tudo parece um pesadelo!!

Anónimo disse...

Olá Sancho, não quero deixar comentario, só mesmo para cumprimentar-te, pois desde q foste para aí (Évora) nunca mais falamos. Espero bem q vais à festa do avante este ano...LOL! Do teu amigo comuna do funchal.
Indalécio Santos
PS: o meu mail indaleciosantos@gmail.com

Tino disse...

Sancho,
se fosses madeirense e vivesses na Madeira nunca serias do PSD.
É que por cá a distribuição de riqueza é muito desigual.
Sabes. Os nossos impostos servem apenas para alimentar muito poucos à custa de muitos outros. E sabes que mais. Os que mais recebem são os que mais têm. Se fores ver quem recebe o grosso dos subsidios, adivinha... não é o povo.

Sancho Gomes disse...

É Isabela e nefertiti, é tudo demasiado revoltante.

Indalécio: ora seja muito bem-vindo meu amigo comuna. Como sabes, tenho muitos outros;). Quanto ao Avante, é possível. Afinal é o melhor festival de Verão :). Obrigado pela morada electrónica.

Tino: Quase que te diria que se fosses português nunca serias do PS. Mas não vou cometer essa injustiça porque parece-me que foste honesto. Companheiro, sou madeirense e não sou do PSD. Sou um democrata-cristão (não, não sou do CDS) que se identifica com algumas das doutrinas do PSD e que entende que este é o único partido madeirense preparado para governar a minha região.