18.2.08

Para Expiação dos Meus Pecados

Expiação é um filme que expia os pecados, fatais, do realizador - joe Wright - e de um menos conseguido argumento.

Eu também expiei os meus próprios pecados para chegar a esta óbvia conclusão. Vi o filme duas vezes. Minto! Uma vez e meia, porque adormeci a meio da fita na primeira “versão”. Não satisfeito regressei este domingo à estória. Quer dizer,…o destino arrastou-me para esta inconsequente “fatalidade”.. Queria ver “O Sonho de Cassandra” de Woody Allen. Comprei o respectivo bilhete mas enganei-me na sala. Assim que observei as primeiras imagens identifiquei a obra que me tinha atirado para o lado inconsciente da vida. Pensei que era o “trailer” do filme, mas não. Tratava-se da obra completa. Como já estava confortavelmente sentado, quando despertei para este duplo pesadelo, decidi ficar. Precisava expurgar a consciência para poder dizer mal da fita.
Foi o que fiz.
Abri bem os olhos com medo de ser novamente traído pelo sono e o que vi não alterou nada do que não tinha visto, mas tinha consciência que não era bom.

Explico: o filme não precisa das cenas da guerra. Em primeiro lugar porque não acrescentam nada à história. “Expiação” poderia passar do momento em que Robbie - um azarado filho de um caseiro inglês – está algures em França, para a cena em que a “viloa” da fita – Briony Tallis – ampara a morte de um soldado ferido na cabeça. Ou seja, existem 20 a 30 minutos de rodagem perfeitamente inúteis, e caros, neste trabalho do mesmo realizador de “Orgulho e Preconceito”. Acrescentam quase nada. Além disso, o filme perde-se no meio do deslumbrante cenário belicista, mas inconsequente para o objectivo final da história. É arriscado fazer filmagens em catadupa das grandes guerras, porque existem muito bons trabalhos sobre a temática. Recordo-me de, “ O Resgate do Soldado Rayan” de Spielberg, por exemplo.

Gosto da interpretação do trio de protagonistas: - da charmosa e elegante Cecília, da irmã, que aparece com um sinal no rosto do lado esquerdo e depois passa para o direito, e do jovem mas firme actor. Ele e Cecília estão nomeados para um Óscar na categoria de Interpretação. Ao todo “Expiação” tem sete nomeações e já ganhou o Globo de Ouro de melhor filme dramático. Não comento prémios, porque são prémios. Apenas dou 3 estrelas a este ambicioso, mas falhado filme.

7 comentários:

amsf disse...

É só para felicitar o "E Agora?" do Gonçalo...
Estranho é que se continue a escrever Kosovo à maneira sérvia e não Kosova à maneira, digamos, albanesa!

amsf disse...

Angel,

Isso é que é azar. LOL!

Rui Caetano disse...

Parece-me um filme a não perder.

Blueminerva disse...

Eu gostei de "Expiação".
A inclusão de várias perspectivas sobre os mesmos acontecimentos, e os vários flashs do passado são, na minha opinião, essenciais na construção de uma narrativa bem conseguida. A fotografia é belíssima e a banda sonora é de tirar o fôlego. Destaque ainda para as boas interpretações. James McAvoy e Keira Knightley funcionam muito bem, Saoirse Ronan hipnotiza, e Vanessa Redgrave deixou-me com um nó na garganta e, confesso... uma lágrima no canto do olho.
Um abraço

lenca disse...

Para quem leu o livro, o filme deixa muita coisa de fora, nomeadamente na guerra. Cenas de desespero dos soldados na procura do caminho para chegar à praia. Há coisas no filme, que concordo, não estão bem conseguidas, porque parecem todas feitas para caber no tempo do filme. No hospital, por exemplo, não está bem explorada "a expiação" de Briony. Mesmo no início, há ideias do autor que se perdem.
Acho que o filme, com o mesmo tempo, poderia ter sido mais fiel ao livro que é muito bom. Talvez como dizes, o argumento deixe a desejar. De qualquer forma, acho que, no conjunto (fotografia, actores, música) é um bom filme... Mas não percebo por aí além de cinema :-)

Sancho Gomes disse...

O Joe Wright não é assim uma espécie de Manuel de Oliveira, mas mais novo e sem a qualidade do velho mestre??? Não vi o Expiação, mas se segue o exemplo do Orgulho e Preconceito, deve ser mau que se farta. É que, ainda por cima, o Orgulho e Preconceito tinha um bom argumento (a partir do belíssimo livro de Jane Austen) que o realizador, de forma sublime, conseguiu destruir.
Ainda não decidi se vou perder tempo, ou não, para ver. Todavia, quando estiver cansado posso sempre vir embora...

Woman Once a Bird disse...

É do tipo que realizou o Orgulho e Preconceito? Pelise! Assassinar daquela forma excelentes memórias do livro e da série da BBC.

Ainda não decidi se efectivamente vou gastar dinheiro com este.