18.2.08

1ª Apóstola a Tino (que não o Isa)

Caro Tino:

sem querer ser ou parecer ofensivo, do teu texto Avaliação dos professores, publicado no dia 18 de Fevereiro, só há duas conclusões possíveis (que não se excluem obrigatoriamente): ou não reflectiste minimamente sobre a questão, ou não percebes puto de educação. Porque não existem outras conclusões, tal a quantidade e a qualidade dos dislates que proferiste (incrível que num post não tenhas conseguido acertar uma).

Mas eu disse que não te queria ofender, pelo que irei apresentar argumentos que, não minha opinião, deveriam ser desnecessários, mas pelos vistos não são.

1. Pôr um pai a avaliar o desempenho de um professor, é o mesmo que não reconhecer qualquer especificidade ao acto pedagógico. Qualquer um pode mandar uns bitaites, uma vez que todos são especialistas. Deixa-se de reconhecer portanto, necessidade de formação para o acto de ensinar e mesmo de avaliar (caso não saibas, os professores têm formação ao nível de avaliação). Esta medida, que tão acérrimamemente defendes, apenas foi introduzida para que o Governo ganhasse as federações de pais para as reformas que pretendia impor (sabendo, diante de mão, que existem mais pais do que professores);

2. Ouviste a questão colocada pelo Louçã? Pois neste caso ele está completamente certo. O novo modelo propõe a avaliação não de acordo com as qualidades do docente, mas com as qualidades da população discente, sendo efectivamente verdade que um professor colocado em escolas situadas em contextos socio-economico-culturais mais difíceis será prejudicado em relação a colegas colocados em boas escolas. Também é possível interpretar esta lei de modo a que todos os docentes sejam avaliados de igual forma, independentemente das disciplinas que leccionam;

3. Seres de opinião que as notas dos exames nacionais devem ter maior peso do que o trabalho diário feito pelos alunos revela bem o teu desconhecimento sobre o processo pedagógico e à importância que dás ao a qualidades como o trabalho, disciplina, o empenho! É tão ridículo que apenas te posso aconselhar a leitura de qualquer manualzito de segunda, para se aperceberes do absurdo da tua afirmação;

4. Ao contrário do que afirmas, este sistema irá promover o amiguismo e introduzir ainda menos rigor e exigência no ensino. Mais: sabendo à partida que os directores das escolas serão nomeados pelos futuros Conselhos de Escola (que irão substituir as Assembleias) e que estes, inevitavelmente, serão presididos pelas autarquias, estamos a permitir a entrada em cena do caciquismo e da politicazinha municipal num processo tão importante como é a avaliação de desempenho de um profissional;

5. É, efectivamente, fundamental avaliar o desempenho dos docentes. E seria tão fácil criar um instrumento mais ou menos fiável - uma vez que a avaliação é um processo sempre sujeito ao erro -, bastando pegar nas avaliações (milhares) dos estágios curriculares, promovidos pelas universidades. Mas isso, tu não sabes!

4 comentários:

Luís Vilhena disse...

Pois eu iria mais longe. Aos poucos as escolas, liceus, infantários, etc, iam sendo entregues à iniciativa privada através de concurso; os professores da "função pública" iam reintegrando-se no mercado de trabalho real; os maus professores concerteza iam para o desemprego e os que estão no desemprego, que são bons, seriam contratados; o ensino obrigatório seria financiado pelo Estado através de cheques de apoio ao aluno; o Estado introduziria regras básicas de funcionamento só para que não pudesse haver 50 alunos numa turma e coisas do género.
Enfim, principalmente, começava-se a esvaziar esse contentor de funcionários públicos para passar a ter professores.
Epá, isto é muito à direita, não é?...

amsf disse...

Luís vilhena

Chocante! Parece-me que os professores não se consideram funcionários públicos...bem como os juizes...

Sancho Gomes,

Qual é o problema de os país avaliarem os professores? Desde que essa avalição não contribua em mais de 15% para a nota final não vejo qualquer problema. Não se escandalizem mas chegaremos ao ponto de os alunos avaliarem os professores. Como seria impensável o zé povinho avaliar os seus líderes há décadas atrás (eleições) também para muita gente é impensável que os alunos (a partir dos 10 anos?) contribuam com a sua avaliação para a nota do professor.

Magno Velloza disse...

Excelente texto Sancho. Subescrevo tudo. E acrescento. A situação dos professores está como está porque os professores durante muitos anos, demasiados anos, alhearam-se de tudo e estiveram (e estão) reféns de sindicatos chefiados por iletrados.

Sancho Gomes disse...

Luis Vilhena,
a ironia do seu texto pode caracterizar uma certa direita. mas não todas as direitas. Eu assumo-me num horizonte ideológico à direita e partilho da sua ironia...

amsf:
você fala, fala e não diz nada (já viu o absurdo da sua comparação?)

Magno:
nem sempre estamos de acordo. Mas neste caso, estamos em sintonia.