16.10.07

Rua com esta gente

Se não fosse tão grave, seria para nos rirmos a bandeiras despregadas.

Mas vamos lá à estória, de modo a que se este post for lido por alguém que resida fora de Portugal, entenda bem o estapafúrdio da situação e o inverosímil governo que desgoverna esta nação.
Tudo começa na semana passada, quando os senhores primeiro-ministro e ministro das Finanças convocaram, às pressas, uma conferência de imprensa, a decorrer à hora dos noticiários do almoço onde, pomposamente, anunciaram que a meta dos 3% de défice seria cumprida e que em 2008 os funcionários públicos não voltariam a perder poder de compra, o que para os leigos em questões económicas significa que os aumentos salariais seriam superiores à taxa de inflação. Note-se que este anúncio - o dos aumentos salariais - foi feito efusivamente, como se de um grande benefício para os servidores do estado se tratasse.
Ora, apenas 5 dias depois... Repito em voz alta: 5 DIAS DEPOIS, aparece o mesmo senhor ministro das finanças a anunciar que a proposta do governo para a actualização salarial para 2008 seria de 2,1%, igual à taxa prevista (pelo governo) de inflação. É verdade: este inenarrável personagem que alguém nomeou ministro das finanças, e aqueloutro que fizeram primeiro-ministro ("foge cão, que te fazem barão") gozam desta rica e descarada maneira com os milhares de trabalhadores cujo esforço permitiu que o défice fosse substancialmente reduzido.
Isto, num país a sério, seria para uma revolta em massa. Num país a sério, o povo jamais aceitaria ser gozado desta forma por figurinhas deste calibre. Decididamente, esta gente não um pingo de vergonha na cara.

1 comentário:

amsf disse...

Infelismente os funcionários públicos têem perdido poder de compra nos últimos dez anos por duas vias;
1-Os governos prevêem um número para a inflação e fazem aumentos salarias de acordo com esse número, no entanto posteriormente o nº da inflação é revisto para cima sem que o mesmo seja feito em relação aos aumentos salariais;
2-O cabaz de produtos e serviços que é usado para avaliar o crescimento da inflação não é realista: aparentemente não integra os combustíveis e produtos e serviços que são próprios duma família moderna. Como é evidente a inflação não pode ser medida apenas tendo em conta os produtos básicos com a agravante de esses produtos serem maioritáriamente de "marca branca". Nos EUA isto vem a ser feito desde os anos setenta, pós choque petrolífero (1973). Por outro lado o sistema económico e ambiental não conseguiria suportar um consumismo superior ao que vivemos actualmente. Seria importante que os trabalhadores recebessem mais mas que esse excedente fosse poupado caso contrário entramos numa conjuntura inflacionista que acaba por comer esses aumentos.