22.11.05

Excertos e intervenções XII

"Mas os objectivos políticos das últimas eleições eram claros: eles iam ganhar cidades, eles iam ganhar vilas e freguesias. Eles iam ganhar aldeias inteiras, sítios e outros lugarejos. Eles iam inclusive ganhar a capital, e daí promover, quem sabe, “a queda do império”; e gritá-la a plenos pulmões “urbi et orbi”; para a cidade de Roma e para o mundo. Fasquia alta: queriam ganhar o mundo; ganharam um poço sem fundo. Mas como diz o povo: entradas de leão, saídas de sendeiro. Não só o mundo era demasiado grande, como espantados perceberam que tudo era demasiado ambicioso. Mas aplauda-se a nova jurisprudência: houve por aí quem garantisse que, em política, não se pode perder aquilo que não se tem. Está explicada a razão de muitos não perderem a vergonha na cara. As eleições não afastaram os politicamente incapazes, como acontece por toda a parte. Uma vez mais se deu por este território autónomo uma inusitada anomia, cultivada por quem lhe convém manter o status quo e deixar tudo igual. Orgulhosamente só, o bando caminha alegre e ingloriamente de derrota em derrota até à derrota final. Alguns, mais espertos, já desertam; outros resistem; no fim todos aguardam; [...]."