Sorridente, o Dr. Costa tem palmilhado quilómetros pelas ruas de Lisboa à caça do voto do transeunte mais distraído. O homem, com vitória praticamente assegurada, não apresenta nada de transcendentalmente novo com a notória excepção de uma obsessão desmedida pelos carros nas ruas de Lisboa que agita como bandeira eleitoral. O Dr. Costa promete, quanto a este assunto, muita firmeza: acabar com o trânsito em algumas artérias, fechar ruas, impedir a circulação (penso que também de galinhas e burros), distribuir a torto e a direito bloqueadores pelos infractores. Em resumo, disciplinar os bárbaros, fazer avançar a civilização.
Aqui há uns anos o Dr. Costa promoveu uma célebre corrida entre um burro e um Ferrari (na calçada de Carriche, se não estou em erro), numa versão moderna da lebre e da tartaruga, embora com objectivos ligeiramente diferentes. O Dr. Costa sempre foi muito modernaço e radical. E giro nestas suas estrondosas ideias, feitas muitas vezes para aparecer na comunicação social. Ele agora sonha colocar toda a gente a andar de transportes públicos, tornando a cidade mais respirável, mais ordenada e livre dessa chatice automóvel. Eu nada tenho contra o assunto, se bem que usar ou não usar carro seja um problema que só a mim diga respeito e, pormenor, nem sequer more em Lisboa. No entanto, espero que o Dr. Costa, quando não estiver a andar de burro, que pelo menos abandone as mordomias do carro e do motorista. E que ande, se não for muito incómodo, nas carruagens do metro apinhado, com gente que desconhece o desodorizante. Vai ver que é uma experiência inesquecível.