11.6.07

A chibadela

Um professor, talvez por acaso ex-deputado do PSD, a título particular, teceu um comentário jocoso relativamente à licenciatura inexistente do primeiro-ministro. A piada, inocente nos dias que correm e dita em off, foi entretanto utilizada por quem a ouviu, para denegrir e penalizar o referido professor, através de uma queixa à chefe do serviço, uma senhora pouco mais que idiota, curiosamente promovida muito recentemente por bom comportamento.

A política da chibadela começa a dar infelizmente os seus frutos. Desde que se prometeu fazer de 700 mil funcionários públicos os pilares do combate à corrupção através da denúncia (que muitas vezes é um outro nome para inveja, má língua e outros adjectivos de igual calibre) que este país se apressou a entrar na moda pidesca, de que a futura caça aos fumadores e a actual aos jornalistas (patrocinada por um ministro sinistro e muito perigoso) são apenas dois outros pequeninos exemplos. É por estas alturas que me lembro sempre daquela história muito velhinha: primeiro vieram buscar o meu vizinho, mas eu não liguei porque não era nada comigo.

Por mim, antes que a praga alastre, faço aqui uma singela sugestão: apliquem o processo disciplinar ao contrário, ou seja, condenem já o delator e a sua subserviente directora, aplicando-lhes 50 chibatadas que sirvam de exemplo e de travão a outros oportunistas e engraçadinhos. Acham demasiado? Por favor: substituam o chicote por um bom vime. Faz menos mossa, mas a marca, no lombo, permanecerá inesquecível.