4.12.07

Um sinal

A violência nas escolas é uma interessante actividade nacional. Os petizes, muitas vezes entediados com as aulas inclusivas e com as actividades de grupo, parece que perdem as estribeiras muito facilmente e desatam a agredir colegas, funcionários e professores quando há problemas familiares em casa, quando estão deprimidos ou eufóricos, quando revelam algumas dificuldades de aprendizagem e/ou quando não lhes deixam brincar com o telemóvel nas aulas.

As causas são todas conhecidas. O Estado, esse nosso farol orientador e educador, não só não expulsa os mal-educados e mal comportados como agora até lhes dá a escolaridade obrigatória à força. As faltas nem precisam de grande justificação, tal como os exames e os testes não precisam de qualquer estudo prévio que exija empenho. O petiz, um verdadeiro terror na primeira classe, pode assim tornar-se num criminoso empedernido até ao nono ano, sem grandes complicações matemáticas e ortográficas, e aprovado com distinção.

Perante a falta de autoridade e de interpretações básicas de regras disciplinares, cabe aos meninos, felizes ou infelizes e no seu meio ambiente, decidirem o que fazer, quando fazer e como fazer. Tudo acontece, tudo é permitido. Os números elucidam o problema: 300 casos conhecidos de agressão a funcionários e professores apenas este ano. Desconhecem-se, no entanto, os números sobre a violência psicológica e sobre a violência, de todas as formas e generalizada, sobre os próprios colegas, que devem ser algo de perturbador.

Desde o soco, ao pontapé, passando por pneus furados e outras originalidades, as nossas criancinhas fazem da escola uma plataforma para a vida. O Estado encolhe os braços, o professor esconde a cara (não vá um soco acertar em cheio) e o funcionário, mal pago, saiu e muito provavelmente já não volta hoje (não vá ter alguma coisa a ver com o assunto). Para todos os efeitos, convém não depreciar muito o drama: à classe docente não se recomenda por acréscimo a exibição de carros de gama muito alta e aos restantes funcionários escolares propõe-se a baixa psicológica prolongada. Quanto ao Estado, deseja-se, no íntimo, que continue assim. Afinal, meia dúzia de maçãs podres jamais estragaram uma colheita. O que deve ser um sinal manifesto de que vamos no bom caminho.