12.1.07

Ainda o SIM ao aborto

Agradeço o esforço e a pedagogia de alguns leitores a favor do NÃO ao aborto. Mas, como já sou crescido não vou em cantigas. Claro que o ideal seria nem estarmos a discutir esta questão, isto se o planeamento familiar, a política de apoio às mães e a formação cívica duma boa parte dos pais portugueses fosse sólida. Mas não é. E esta conversa já tem décadas e não se passa disto.

Até compreendo os adeptos do NÃO e aceito que me digam que a vida começa na concepção e que um organismo de dois dias é tão ser vivo quanto um de dez semanas. Mas o ponto essencial é que a sua argumentação está no domínio da utopia, e não no da realidade. Que eu saiba em Portugal nenhuma mãe solteira e de poucos recursos, como há muitas, tem direito a uma casa e a um “ordenado” para poder levar uma vida digna com a criança. E não me parece que a vá ter nos próximos anos. Toda a gente sabe disto. Assim como sabe que Portugal não é o Canadá nem a Austrália.

E já agora uma perguntinha de algibeira. Os países europeus que têm leis mais flexíveis em relação ao aborto são o quê? Sanguinários? Desumanos? Sucedâneos de Heródes? Enfim, quer me parecer que nesta questão vamos chegar outra vez com mais 20 anos de atraso. Vamos agravar problemas sociais para o futuro que seriam resolvidos com um “mero” acto clínico que, a bom ver, não perturba a consciência de ninguém. Porque se perturbasse verdadeiramente os partidários do NÃO estes não teriam um só dia de paz. Ou então andam a fazer fita, o que é o mais certo.

Por mim, quando a “Maria” precisar ponho-a Espanha e vou dando cobro à hipocrisia do costume.

PS: O texto da senhora Rubina Berardo (“Contribuições II”) dói só de ouvir. É um chorrilho de banalidades e de “verdades” gerais que qualquer pessoa na rua também pode dizer. Mas se quiser eu também a ajudo com uma. Por exemplo: «a escola deve formar bons cidadãos». Sabe como está a Educação em Portugal não sabe? Pois…eu também sei.

2 comentários:

Anónimo disse...

Veja a minha opinião sobre o assunto:
http://ingrato.blogs.sapo.pt

José Carrancudo disse...

O País está a sofrer as consequências da crise educativa nacional, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua integra, e não apenas para os assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendo a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.