9.1.07

Serviço Público

A RTP esteve entretida na tarde de ontem a transmitir um desafio de futebol entre o Benfica e o Bayern de Munique. O jogo não era da Liga dos Campeões, do Mundial de Clubes ou da Taça UEFA, mas ainda assim a RTP decidiu que este desafio, feito algures no Dubai num torneio desconhecido, tinha todas as condições para ser televisionado em sinal aberto pelo povo sedento de bola.

Não sei quanto a RTP pagou para transmitir esta idiotia, mas no resumo que ouvi na TSF após o jogo, foi por lá descrito que o mesmo foi um suplício a toda a prova, o que é razão mais do que suficiente para questionarmos os critérios de escolha utilizados. Evidência incontestável: de acordo com o jornalista de serviço não houve uma única oportunidade de golo na segunda parte, sendo o jogo decidido no adverso e controverso sistema de lotaria. Mais: ambas as equipas, jogaram com os seus suplentes o que atesta bem o modo como encararam o torneio.

Desconheço porque se continuam a fazer este tipo de favores que são um caso axiomático de concorrência desleal para com todos os outros clubes. Mas a noção de serviço público tem de ser rapidamente revista para que estas situações não se repitam. As empresas públicas, pagas com o dinheiro de todos nós, devem ser superiores a estas artimanhas que fomentam um sentimento gritante de injustiça. Reparem que a RTP não transmitiu nenhum jogo da Taça de Portugal, por exemplo. E que ainda há bem pouco tempo, a Caixa Geral de Depósitos, através desse duvidoso Armando Vara, deu 15 milhões de euros ao Benfica para colocar o seu patético nome (o da Caixa) no centro de estágio (do Benfica).

Eu pensei que o tempo do Fado, Futebol e Fátima já tinha passado. Engano meu. Desculpem a ingenuidade.