8.1.07

Mais uma hipocrisia? Não, obrigado

Nem sei por onde começo. Mas não aturo, nem oiço mais, os argumentos “pro” vida sobre a questão do aborto. Gente que pensava sensata vive, e ainda por cima acredita, nesta hipocrisia latina e católica apostólica.

Até o dr. António Borges, pessoa que considero bastante, também vem com a conversa dos elevados custos dum aborto ao estado português. E então um marginal quanto custará à sociedade portuguesa?

Sem recorrer à ficção (ver o livrinho “Freekonomics”, de Steven Levitt e Stephen Dubner) provou-se que reduzindo as gravidezes indesejadas reduz-se directamente a marginalidade, pequena e grande, o insucesso escolar, a violência juvenil, enfim, um sem número de problemas sociais que, em regra, começam sempre num mau berço.

Depois vem a questão do envelhecimento da população. E daí? O equilíbrio demográfico não se faz com imposições. Por mim, prefiro ver velhos saudáveis em Paris do que crianças esgrenhadas nas Filipinas cujo destino mais do que certo todos sabemos bem qual é.

Há malta que viaja tanto, que vai à Holanda, Inglaterra, Alemanha, Canadá, e não sei o que aprende por lá. Não sei mesmo.

6 comentários:

Anónimo disse...

O velho, velhíssimo argumento: estão contra a liberalização do aborto todos os conservadores de mentes tacanhas, provincianas e estúpidas, que não reconhecem as benesses formidáveis de se liberalizar mais este ramo de negócio. Bom argumento, sim senhor!
Quanto a esse estudo que referes, será mesmo para levar a sério??? Será mesmo, que o levas a sério?

Magno Velloza disse...

Ó filho de Deus, o argumento é antigo mas muito válido e actual. Já nos anos 40 Bertrand Russel chamava a atenção para a necessidade de um brith control mundial.
Você acha mesmo que o aborto é um negócio! Não posso crer. Quando vai na rua o meu amigo olha para onde?

Anónimo disse...

O Alberto João no seu habitual artigo do habitual pasquim manda os "defensores" do aborto à merda...a isto digo sem comentários...o silência também fala...

Unknown disse...

Magno: A maior revelação de falta de ideias próprias é a constante citação. Meu caro amigo, como deves saber, as citações significam leitura, não compreensão.

Anónimo disse...

Olá Magno,

Como parece que todos os que entram neste blog são defensores do 'não' - é triste ver tanto jovem com pensamento conservador, completamente anti-natural para a sua idade -, resolvi escrever para deixar uma palavra de solidariedade: eu também vou votar 'sim', como já o fiz em 1998.
Esta questão do aborto transformou-se numa estranha luta entre conservadores (de todos os partidos) e liberais (idem), o que me parece ser o pior serviço que se pode fazer a um exercício de cidadania como é o referendo e a um problema que é, simplesmente, uma questão de consciência. Embora não acredite na democracia directa - em nenhum país democrático funciona, com excepção da Suíça mas aí devido a ter a única alternativa a uma legislação federal maluca - como os próprios resultados da abstenção mostram.
Em relação ao teu 'post', começo por não concordar com a 'consideração' que toda a gente convencionou ter por António Borges. Para mim é um dos maiores 'bluffs' produzidos na última década. Se estivermos atentos às suas intervenções,a frio, não diz coisa-com-coisa e vive num planeta que não é o nosso: é o planeta da alta finança, responsável pela maioria dos males de que nos queixamos. Parece-me que foi este senhor, junto com uns anormais do 'Compromisso Portugal' que deram como receita para o nosso país... o despedimento de 200 mil (!) funcionários públicos. Bonito!
Voltando ao aborto e comentando algumas afrirmações introduzidas neste 'blog', considero ridículo e até desumano tratar a questão como uma 'despesa' do Estado. Esta alteração à lei é uma questão de saúde pública, de direito à escolha de cada cidadã e, sobretudo, uma aproximação à esmagadora maioria dos países ocidentais. Embora não seja defensor de 'seguidismos cegos' em relação aos países mais desenvolvidos, neste caso só deixava uma pergunta... Não estarão os defensores do 'não' a comportar-se como o pai do recruta que olhava para a parada e dizia "num batalhão inteiro, o meu filho é o único a marchar com o passo certo"?
Uma referência final para as campanhas. O 'sim' tenta convencer-nos que todas as mulheres que abortaram foram julgadas, o que não é verdade. O 'não' comete uma aldrabice de todo o tamanho ao transformar um feto de dez semanas (dois meses e meio) num bebé de colo. Vergonhoso.
Como já escrevi uma vez, tudo isto teria sido evitado se os eleitos do povo cumprissem a sua obrigação e legislassem sobre esta matéria.

Um abraço,

Jorge F. Sousa

Anónimo disse...

Caros Srs. Magno Velosa e Jorge F. Sousa:

É para mim confuso ouvir os abortistas falarem de hipocrisia. Deixem que vos lembre que a hipocrisia nasce da luta de interesses. É disso que estamos a tratar. Há uma distância infinita entre os adeptos do sim e os do não. Os primeiros, norteiam-se pelo princípio da luta de interesses, os segundos, pelo princípio da luta de direitos.


Ana Quito